O Pritzker (conhecido como o “Nobel da arquitetura”), o Leão de Ouro da Bienal de Veneza, a medalha de ouro do Real Instituto de Arquitetos Britânicos, o Riba, e o Prêmio Imperial do Japão são algumas das premiações recebidas por Paulo Mendes da Rocha, que morreu na madrugada de domingo (23), aos 92 anos. O arquiteto passava por tratamento de um câncer no pulmão. Em postagem no Facebook, o filho Pedro escreveu: “Depois de tanto projetar edifícios em concreto e aço, meu pai foi projetar galáxias com as estrelas!”.
Filho de Angelina e de Paulo Menezes Mendes da Rocha, engenheiro de portos e diretor da Escola Politécnica da USP, o arquiteto nasceu em Vitória, em 25 de outubro de 1928. Em 1954, formou-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Aos 29 anos, assumiu seu primeiro grande projeto, assinando o ginásio do Club Athletico Paulistano, que lhe rendeu o Grande Prêmio Presidência da República na 6ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1961.
No mesmo ano, começou a dar aula na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, e lá foi perseguido pela ditadura militar. Em 1969, foi afastado do cargo na FAU e retornou apenas em 1980, após anistia.
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Junto de Vilanova Artigas e Fábio Penteado, assinou o projeto do Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, o Parque Cecap, moradia popular com 4 680 apartamentos, em Guarulhos, seguindo a linha paulista brutalista, da qual fazia parte. Em 1988, deu início às obras do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE), instalado no Jardim Europa, pelo qual recebeu o prêmio Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-Americana.
Nos anos 90, assumiu grandes obras no centro da capital paulista, como a reurbanização da Praça do Patriarca, em 1992, com seu pórtico, e a reforma da Pinacoteca, em 1993. Por esta última, levou pelo segundo ano consecutivo o Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-Americana, em 2000.
Foi o segundo brasileiro a ganhar a honraria mais importante da arquitetura, o Prêmio Pritzker, em 2006. O primeiro havia sido Oscar Niemeyer, em 1988.
Junto de seu filho Pedro, projetou o Museu da Língua Portuguesa, em 2006. Depois do incêndio pelo qual foi atingido em 2015, foi restaurado com o auxílio da dupla.
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A capital portuguesa, Lisboa, foi a única cidade fora do Brasil a abrigar uma obra de Paulo, que desenhou a nova sede do Museu Nacional dos Coches, aberta ao público em 2015.
O último grande projeto concluído pelo arquiteto foi o retrofit do prédio que abriga o Sesc 24 de Maio, inaugurado em 2017, no centro de São Paulo, com treze andares, espelho de água, piscina na cobertura e concreto aparente em toda a estrutura. Dois de seus desenhos seguem inacabados por problemas financeiros e governamentais — o Cais das Artes, em Vitória, e a Praça dos Museus, na USP.
Em setembro de 2020, doou seu acervo pessoal (cerca de 8 000 desenhos, 3 000 fotografias e slides e um conjunto de maquetes) para a Casa da Arquitectura, em Portugal. A decisão gerou polêmica, à qual Paulo Mendes da Rocha respondeu dizendo que tinha liberdade para fazer o que quisesse.
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Publicado em VEJA São Paulo de 02 de junho de 2021, edição nº 2740