Quando, em 1971, a Abril lançou o primeiro manual Disney, que não podia ser outro senão o Manual do Escoteiro Mirim, um novo mercado se abriu para as publicações que envolviam Mickey, Donald e toda a turma. O manual foi um sucesso absoluto de vendas. Todas as crianças queriam ter em mãos o famoso livro que tinha todas as respostas nas historinhas de Huguinho, Zezinho e Luizinho.
Ao longo da década de 70 e parte da década seguinte, novos manuais foram sendo lançados, trazendo assuntos pertinentes a cada personagem. O manual do Tio Patinhas, por exemplo, trazia tudo sobre economia, finanças e numismática, o do Pardal tratava de ciência e tecnologia, o do Peninha era sobre jornalismo, e assim por diante.
Todos se tornaram objetos de desejo de crianças e adultos, e logo se tornaram peças de colecionador, fato que dura até os dias de hoje, tanto que todos foram recentemente relançados pela Abril, em versões idênticas (ou quase) às originais, e novamente foram muito bem recebidos. A diferença é que agora, os maiores compradores são mesmo os marmanjos que eram crianças na época do primeiro lançamento, e não tiveram ou simplesmente perderam suas edições originais.
Mas, muito antes desse relançamento dos manuais originais, uma publicação ainda mais ousada foi para as bancas de jornal em 1985. Era chamada de Biblioteca do Escoteiro Mirim, lançada pela Nova Cultural. A coleção era composta de 20 volumes com capa dura que reproduziam o conteúdo publicado nos manuais originais, mas divididos por assuntos. Assim, num mesmo volume tínhamos partes do Manual do Escoteiro, do Manual do Pardal e de outros. Até o Magirama e o Autorama, manuais temáticos sem personagens definidos, entraram na brincadeira.
A coleção completa era uma forma de ter todo o conteúdo dos manuais Disney de uma só vez. Com o primeiro volume veio grátis uma estante plástica própria para guardar os livros, que arranjados na ordem certa, as lombadas formavam uma figura com Donald, Margarida e os três meninos. E em cada volume comprado, vinha um selo que deveria ser colado em uma cartela. Com a coleção completa, a cartela era trocada por um relógio. Mais do que um belo exemplar para qualquer estante, a coleção era uma excelente fonte de pesquisas escolares, pois tinha um pouco de muitos assuntos diferentes. Para quem era criança naquele tempo, certamente este foi um bom argumento pra convencer os pais a comprarem os livros!
A coleção completa ainda pode ser encontrada hoje em sebos e em sites como o Mercado Livre. Mas quem procura a coleção hoje, não está buscando material de pesquisa, e sim resgatar uma parte importante de sua infância.