Se o termo “sonho de consumo” fosse usado na década de 70, certamente ele seria aplicado ao objeto mais desejado pelas crianças daquela época: as canetinhas Sylvapen. Com elas, os pequenos foram apresentados ao maravilhoso mundo das canetas hidrocor e cada uma delas durava, segundo o fabricante, até 2 quilômetros de escritos.
Mas ninguém escrevia com elas, o que a turma fazia mesmo era pintar tudo o que via pela frente. Com cores muito mais vivas do que os apagados lápis de cor, colorir um desenho com Sylvapen garantia que ele ficaria visível a uma grande distância. Inclusive do lado oposto do papel!
O nome oficial era Sylvapen 100mm, mas todo mundo só chamava de “canetinha”. Elas foram lançadas em 1971 em estojos de seis e doze cores, e caíram rapidamente no gosto da molecada. Seu formato e tamanho lembravam muito um cigarro, e sua propaganda seria proibida nesses dias de “politicamente correto”: uma criança fingia estar “fumando” a caneta. Por conta disso, a canetinha de cor laranja era muito requisitada, pois sua tampa dessa cor lembrava o filtro do cigarro.
Outra vedete do conjunto era a canetinha branca, que servia para “apagar” as outras cores, mas a verdade é que sua ponta branca logo era “contaminada” pelas outras cores, deixando a canetinha toda manchada.
Quando a canetinha de qualquer cor secava, a solução era simples: umas gotas de álcool e ela ganhava uma sobrevida de mais alguns rabiscos.
Mais tarde, foram lançadas duas novas embalagens: uma cartela com nada menos que vinte cores diferentes, para o deleite dos mais artistas (arteiros) daquela época, e uma embalagem especial que lembrava um maço de cigarros, pois a canetinha em si já lembrava o produto.
Outro produto lançado pela Sylvapen naquele tempo foi uma mini etiquetadora chamada Sylvaletra, que também virou mania nas escolas. Era só inserir uma fita de PVC autocolante na máquina, girar o disco para escolher a letra, pressionar para gravar e formar as palavras. As fitas eram vendidas de diversas cores diferentes.
Quanto às canetinhas, elas não foram mais fabricadas no Brasil depois dos anos 80, mas ainda é possível encontrar produtos da mesma marca em países da América Latina, com formato totalmente remodelado. Não são mais as lendárias 100mm.