Quando a professora Branca Alves de Lima desenvolveu um método de alfabetização baseado em imagens e publicou sua cartilha Caminho Suave em 1948, certamente não fazia ideia do fenômeno que a obra seria. Depois de observar seus alunos, a maioria vinda da zona rural do interior paulista, ela chegou à conclusão que associar imagens às palavras seria uma boa forma de as crianças aprenderem a identificar cada letra, sílaba e vocábulo.
Ela estava absolutamente certa! Caminho Suave foi o livro oficial de alfabetização do Ministério da Cultura por quase cinquenta anos, e mais de 40 milhões de exemplares foram impressos nesse período, tendo um total, até agora, de 132 edições. Não importa se você tem 25 ou 75 anos, a chance de você ter sido um aluno “indireto” da professora Branca é muito grande.
Quando pensamos em nossos primeiros dias de escola, fica difícil lembrar até do nome da professora, que dirá dos nossos primeiros livros. Mas com a Caminho Suave é diferente. Quase todo mundo que usou essa cartilha é capaz de lembrar disso, e até consegue visualizar as letras e sílabas ilustradas com imagens simples, mas muito significativas.
Houve até um material adicional composto de cartazes, carimbos, livros de exercício e até cards, usados como ferramentas de apoio no aprendizado das crianças.
Desde 1995, no entanto, os métodos de ensino mudaram, e a cartilha Caminho Suave não é mais o instrumento oficial de alfabetização do país. Mesmo assim, ainda é publicada e continua vendendo em média 10 000 exemplares por ano.
A Professora Branca felizmente viveu para ver seu método ser adorado e lembrado por milhões de alunos pelo país afora. Ela se foi em 2001, aos 90 anos de idade, com a certeza de ter cumprido seu papel de professora.