✪✪✪ Uma Família Feliz é o resultado de uma união de forças. O diretor José Eduardo Belmonte (Se Nada Mais Der Certo e Alemão) encabeçou esse projeto ambicioso de um filme nacional de suspense, diferente das tradicionais comédias. Ele contou com a colaboração de Raphael Montes (Bom Dia, Verônica e A Menina que Matou os Pais) para o roteiro e a assistência de direção.
As estrelas Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini completaram a equipe nos papéis de Eva e Vicente, um casal com uma vida supostamente perfeita, pais de gêmeas (Luiza Antunes e Juliana Bim).
A mulher dá à luz seu terceiro filho e precisa conciliar uma depressão pós-parto com o trabalho e os afazeres domésticos. A situação sai de controle quando machucados aparecem nas crianças. Um começa a suspeitar do outro e segredos ocultos vêm à tona. A revelação do verdadeiro culpado no final é surpreendente. É possível observar aqui a influência de obras americanas, como a série Objetos Cortantes (2018), da HBO.
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O longa explora o gênero com excelência e brasilidade, unindo mistério ao cunho social. “A mulher brasileira passa muito por isso. Ela tem que dar conta de tudo e não pode errar”, diz Grazi. “Aceitamos isso como se fosse uma herança feminina, mas essa estrutura deixa a mulher à beira um ataque de nervos.”
Gianecchini acrescenta: “Não é só um filme de suspense, ele mexe com ótimas discussões. Quando me ofereceram o papel, aceitei de cara. Quanto mais diferente da minha realidade é o personagem, mais ele me interessa”. Como protagonista, Grazi é a grande revelação e mostra seu potencial nas telonas.
“Eu sou cria de TV, não sabia como me encaixar no cinema. O José (Eduardo Belmonte) acreditou em mim e me chamou. Fui estudando e, hoje, vejo minha capacidade, até como mulher”, afirma. A atuação integra-se à atmosfera tensa construída pela equipe técnica, que se destaca pelo som e enquadramentos perspicazes.
Publicado em VEJA São Paulo de 5 de abril de 2024, edição nº 2887