‘Um Filme Minecraft’ cai na histeria com humor bobo sem explorar potencial
Cinemas lidam com tumulto nas sessões do filme infantil, do diretor Jared Hess, com adolescentes gritando e jogando pipoca para o alto

Da onda de produções inspiradas em videogame, Um Filme Minecraft é uma das menos criativas. O longa do diretor Jared Hess não explora o potencial da obra original e restringe-se a um entretenimento mais voltado para crianças.
Minecraft é um videogame do tipo “sandbox”, em que não há um objetivo pré-determinado e cabe ao jogador construir seu próprio mundo, no caso, todo feito de blocos.
O filme introduz essa dimensão por meio da narrativa de Steve (Jack Black), um homem cansado do seu emprego no escritório que decide largar tudo para realizar o sonho de infância de ir trabalhar nas minas. Lá, encontra um portal para o Mundo Superior e fica fascinado — realmente os efeitos visuais de computação gráfica são bem feitos—, até que inimigos desse universo o aprisionam.
Com o tempo, também vão parar lá outros quatro indivíduos desajustados, Garrett (Jason Momoa), Henry (Sebastian Eugene Hansen), Natalie (Emma Myers) e Dawn (Danielle Brooks), que colaboram para voltar ao mundo real.
Além de ser desinteressante e nada imaginativo, tem um senso de humor bobo e fútil, salvo a exceção da personagem de Jennifer Coolidge, com cenas hilárias.
Não faltava vontade para gostar da produção. Seja por conta própria ou por proximidade com alguma criança entusiasta, Minecraft ocupa um lugar especial no coração de muitos gamers.
Mesmo com as decepções, fato é que o filme agrada aos fãs mais novos — este colunista compareceu a uma sessão com adolescentes histéricos — e já é um sucesso, com mais de 1,4 milhão de espectadores no Brasil só no primeiro fim de semana, segundo ranking da Comscore.
Agora, os cinemas lidam com a histeria e o tumulto nas salas, causados por trends do TikTok. Na cena do “chicken jockey”, adolescentes gritam, aplaudem, jogam pipoca e bebida para o alto e até sobem nas cadeiras. A fiscalização vai ter que segurar as pontas.
NOTA: ★★☆☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 11 de abril de 2025, edição nº 2939