‘Twin Peaks’ estreia no streaming e prova envelhecer como bom vinho tinto
Série de David Lynch, que influenciou 'Lost' e 'Arquivo X', entra no catálogo da Mubi, como um lembrete da genialidade do diretor

Não é exagero dizer que Twin Peaks revolucionou a televisão norte-americana. A série dirigida por David Lynch (1946-2025), escrita e criada junto a Mark Frost, foi o início de um movimento de produções televisivas, como Arquivo X e Lost, que bebem da fonte do mistério e suspense, com um quê de melodrama.
O produto dessas mentes visionárias, lançado originalmente em 1990, pode ser novamente apreciado com a estreia das três temporadas na Mubi. A obra narra a investigação do agente especial do FBI, Dale Cooper (Kyle MacLachlan), sobre o assassinato da jovem Laura Palmer (Sheryl Lee).
Ao chegar a Twin Peaks, ele descobre que, mais do que desvendar quem foi o assassino, deverá lidar com a trama de segredos que a cidade guarda. As aparências enganam e cada revelação traz à tona um emaranhado de dilemas e sentimentos, que tornam a experiência pessoal.
Cooper se envolve no caso e tem vivências sobrenaturais, como se comunicar com Laura de outro plano. A construção de cada personagem, suspeito ou não, é fascinante, como Audrey (Sherilyn Fenn), Donna (Lara Flynn Boyle) e James (James Marshall).
A atmosfera surreal e onírica, uma marca de Lynch, é uma maravilha artística. A trilha sonora complementa a ambientação com um toque de drama, criando uma espécie de novela americana.
Os 35 anos envelheceram a série como um bom vinho tinto. A terceira temporada, lançada em 2017, 25 anos depois da segunda leva, reserva ainda mais reflexões profundas sobre seus personagens.
Para quem já assistiu, é uma oportunidade de descobrir novos detalhes dentro do enredo. O lançamento homenageia o célebre e genial diretor, morto em janeiro deste ano.
NOTA: ★★★★★
Publicado em VEJA São Paulo de 13 de junho de 2025, edição nº 2948