‘O Macaco’ vira teatro do absurdo com banho de sangue e toques de humor
Após ‘Longlegs - Vínculo Mortal’ (2024), diretor Osgood Perkins consolida seu estilo de terror

Osgood Perkins está cavando um nicho específico no terror. Desde a sua estreia na direção com A Enviada do Mal (2015), mostrou ter uma visão sombria, por vezes inconsistente, de como criar uma ambientação assustadora e um desdobramento com uma tensão crescente. O melhor e mais conceituado exemplar da filmografia até agora é, sem dúvida, Longlegs — Vínculo Mortal (2024).

Seu novo filme, O Macaco, não supera o antecessor, mas contribui para consolidar o estilo e a abordagem do diretor e roteirista. Desta vez, a história é implacavelmente violenta. O brinquedo do título é um presente do pai, Petey (Adam Scott, que se mostra fantástico para o terror), aos gêmeos Hal e e Bill Shelburn (interpretado na infância por Christian Convery e na fase adulta por Theo James), escondido pela mãe, Lois (Tatiana Maslany). Ao encontrá-lo entre pertences, descobrem que girar a chave mata alguém aleatoriamente. Quando o macaco mata a mãe, os irmãos jogam o brinquedo em um poço. Mas, claro, ele volta para assombrá-los. Os toques de humor e ironia são curingas, mas esvaziam o drama quando se repetem demais. A força aqui reside em se tornar um verdadeiro teatro do absurdo.
Publicado em VEJA São Paulo de 7 de março de 2025, edição nº2934