‘O Esquema Fenício’: um Wes Anderson mais cômico e menos surpreendente
Cineasta repete estilo excêntrico, com enquadramentos simétricos, em longa que acaba de estrear em Cannes e já chega ao Brasil

A excentricidade de Wes Anderson volta a deslumbrar cinéfilos em O Esquema Fenício, que acaba de estrear no Festival de Cannes e já chega aos cinemas brasileiros. As cores pastel, os quadros milimetricamente simétricos e a atmosfera enigmática, traços marcantes do cineasta, continuam sendo regra.
Uma aventura entre pai e filha costura a narrativa, com performances cativantes de Benicio del Toro e Mia Threapleton. Na mira de poderosos, o magnata Zsa-zsa Korda (del Toro), pai de nove homens e uma mulher, decide deixar toda a herança para a única filha, Liesl (Mia).
Antes de repassar todos os bens, pede ajuda para tirar um projeto mirabolante do papel, o tal Esquema Fenício, que na verdade se chama “Plano de Infraestrutura Fenícia Terrestre e Marítima de Korda”.
O plano consiste em viajar o mundo para negociar com empresários e criminosos para afastá-los das operações. A dupla conta com a companhia do carismático tutor Bjorn (Michael Cera, com seu charme desajeitado).
Os visuais e as atuações carregam o longa, principalmente quando parece ter esgotado ideias.
A premissa é mais objetiva e cômica do que a de Asteroid City, trabalho mais recente do diretor, de 2023, mas menos surpreendente. A dinâmica entre os dois protagonistas é o maior trunfo.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 30 de maio de 2025, edição nº 2946