‘O Brilho do Diamante Secreto’ desafia limites da tela com história febril
Com grande preocupação estética, filme belga é um deleite visual que se prejudica pela repetição e falta de apego pelos personagens

É quase parnasiano o estilo de O Brilho do Diamante Secreto. O filme do casal belga Hélène Cattet e Bruno Forzani, recém-lançado no Festival de Berlim, tem uma tremenda valorização da forma e preocupação estética.
Com cores vibrantes e close-ups sensoriais, a experiência é a de um sonho febril. Isso se deve, em grande parte, ao ritmo frenético.
Hospedado em um hotel de luxo na Riviera Francesa, o ex-agente secreto John Diman (Fabio Testi) reconstitui mistérios do passado quando a vizinha de quarto desaparece.
Pouco depois, ela é encontrada morta à beira da praia. Em flashbacks borrados, como se passado e presente ocorressem ao mesmo tempo, vemos John mais novo (Yannick Renier) lidar com dilemas de trabalhar para uma organização criminosa, proteger um alvo rico e se apaixonar por uma colega.
Ao investigar a morte no presente, John suspeita que haja o envolvimento da temível Serpentik, uma mulher enigmática, de muitas faces, que nunca foi desmascarada. A história vira um labirinto dentro de um labirinto — e não para.
Há uma metalinguagem e um surrealismo simbólico na essência e construção da narrativa. Quando um vestido de festa espelhado vira uma arma mortífera, fica claro o teatro do absurdo. Vira uma carnificina, com mortes sangrentas.
Nesse sentido, o longa faz um belo trabalho de explorar o potencial da sétima arte, homenagear James Bond e o cinema italiano do gênero e até desafiar os limites da tela.
No entanto, é prejudicado pela repetição. Com uma reviravolta dentro da outra e o mesmo padrão estrutural, o espectador se desapega da história e dos personagens e deixa de ter qualquer expectativa (e interesse) pelo final.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 18 de julho de 2025, edição nº 2953