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Filmes e Séries - Por Mattheus Goto

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3 perguntas para Miguel Gomes: ‘Grand Tour’ é uma “perspectiva de fora”

Diretor português fala, em entrevista a Vejinha, sobre bastidores da produção que viajou à Ásia para contar história de amor

Por Mattheus Goto
20 abr 2025, 06h00
Miguel Gomes, diretor de 'Grand Tour'
Miguel Gomes, diretor de 'Grand Tour' (MUBI/Divulgação)
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O cineasta português Miguel Gomes viajou a seis países na Ásia na intenção de voltar para casa com um filme. O resultado é Grand Tour, disponível na Mubi, que estreou em Cannes no ano passado e ganhou o prêmio de melhor diretor. O longa acompanha a história de amor (ou quase) entre uma mulher apaixonada e um homem fugitivo.

Na Birmânia (hoje Mianmar) de 1917, Edward (Gonçalo Waddington), um funcionário público do Império Britânico, recebe um telegrama da noiva, Molly (Crista Alfaiate), que não via há sete anos. Ela anuncia que chegará ao país e será, finalmente, a hora de oficializar a união dos dois. Em uma atitude covarde, ele pega o primeiro trem saindo para qualquer lugar, abandonando-a. Começa então uma odisseia pelo continente.

Boa parte do filme não mostra os atores, há uma narração sobre as imagens documentais. Há uma relação direta com o diário de viagem do diretor, que ainda teve que chefiar parte do projeto de maneira remota, devido à pandemia — os planos de ir à China foram cancelados.

Confira a seguir a entrevista com 3 perguntas para o diretor.

Quais foram as inspirações para os personagens?

As excentricidades deles vieram do diário de viagem e da piada sobre homens serem covardes e mulheres, teimosas. Eles não permanecem os mesmos do começo ao fim do filme. No final, Edward continua se sentindo perdido, mas de um jeito mais melancólico, enquanto Molly começa alegre e cheia de vida e depois fica mais e mais obscura. Algo acontece durante a viagem e eles mudam. Essa mudança me interessa sempre. As coisas precisam mudar. O filme precisa mudar, assim como sua relação com o espectador.

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Que retrato o filme faz da Ásia?

A ideia era não fingir que seria uma perspectiva de alguém que é de lá. É uma perspectiva de fora. O filme também é sobre encontros, não só o de Edward e Molly, mas outros ao longo do caminho. Ficamos com a sensação de que esses personagens do Ocidente estão um pouco deslocados, não sabem bem o que está acontecendo. Por isso, optamos por não colocar legenda em todas as falas de pessoas asiáticas, para que o espectador do Ocidente fique perdido também. Nós queríamos abordar a imagem feita pela cultura ocidental sobre essa atração à Ásia. Espero não obter os mesmos resultados, mas refletir sobre o que fazer com isso.

O que achou mais fascinante em sua viagem à Ásia?

Nós tivemos que viajar muito rápido, indo de um clima quente e úmido à neve no Japão e passando por todas essas culturas diferentes. Um dia, no Japão, foi difícil para mim, porque estou acostumado a improvisar e mudar de ideias no set, de acordo com o que estou sentindo. Nós íamos filmar em um templo e paramos no estacionamento. A neve estava caindo, eu achei maravilhoso e falei para filmarmos ali. Mas o produtor local falou que não tínhamos autorização e que seria necessário reservar com antecedência. Foi diferente do que eu estava acostumado. Em geral, foi impressionante ver e experienciar tantas diferenças em um tempo tão concentrado. Um lembrete de quão grande o mundo é.

Publicado em VEJA São Paulo de 17 de abril de 2025, edição nº 2940

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