‘Entre Dois Mundos’ acompanha mulher privilegiada em emprego precário
Filme francês, estrelado por Juliette Binoche, presidente do júri de Cannes deste ano, mostra experimento de jornalista em realidade difícil

Os cinemas oferecem, a partir desta semana, a oportunidade de conferir a capacidade dramática da presidente do júri do Festival de Cannes deste ano, Juliette Binoche.
A atriz francesa estrela Entre Dois Mundos (que estreou em Cannes em 2021) no papel de Marianne Winckler, uma jornalista de Paris que busca entender melhor a realidade da crise financeira à sua volta e sentir na pele a rotina de empregos braçais. Ela deixa a função privilegiada para trabalhar como faxineira em uma balsa na Normandia.
A melancolia paira no ar gélido do Norte da França, como uma verdade dura e inevitável. A história evidencia gargalos, dificuldades e condições precárias da posição social.
O filme é livremente adaptado de Le Quai de Ouistreham (publicado no Brasil como A Faxineira), livro documental da jornalista Florence Aubenas, que atuou como faxineira em uma balsa no Canal da Mancha. No longa, Marianne fica com o dilema de revelar ou não que estava usando as vidas dos colegas como material para um livro.
O desempenho da atriz, junto de um elenco de atores não profissionais, engrandece a produção. Mesmo de modo ingênuo, sem culpar responsáveis pelas situações desumanas, apresenta perspectivas relevantes sobre o assunto.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 30 de maio de 2025, edição nº 2946