Só tem no Brasil: Karim Aïnouz, em um thriller erótico — ou “noir equatorial”, como o diretor descreve — que se passa em um motel no Ceará, todo desenhado em luz neon e com uma equipe local.
Depois de concorrer à Palma de Ouro em Cannes, Motel Destino estreia nos cinemas nacionais, como um dos lançamentos mais aguardados do ano. Conta a história de Heraldo (Iago Xavier), um jovem recém-saído de uma instituição socioeducativa. Em uma noite quente, vai parar no estabelecimento à beira da estrada que dá nome ao longa. Lá, conhece Dayana (Nataly Rocha), que divide os negócios da propriedade com o marido abusivo, Elias (Fábio Assunção). O jovem começa a trabalhar no local e a mulher vê nele uma chance de mudar de vida.
“É um filme sobre solidariedade”, afirma o diretor. “São personagens fraturados, que se reconhecem e têm uma vontade de superar”, acrescenta Xavier. Há cenas explícitas de sexo e nudez. “O filme tem a possibilidade de impactar a visão sobre família e casamento”, reflete Assunção.
A riqueza do longa está nos personagens, no elenco e nos visuais, que resolvem o enredo quando há pontas soltas. Para Nataly, o projeto é um exemplo da diversidade do cinema cearense.
NOTA: ★★★★
Publicado em VEJA São Paulo de 23 de agosto de 2024, edição nº 2907