‘Código Preto’ exala elegância e sensualidade com casais de espiões
Cate Blanchett e Michael Fassbender estrelam novo filme de Steven Soderbergh, com personagens cheios de classe

Segredos, informações confidenciais e mentiras podem ser facilmente acobertados com duas simples palavras: Código Preto. Espiões podem se esquivar de qualquer assunto ao dizer a expressão que dá nome ao novo filme de Steven Soderbergh.
O diretor de Onze Homens e um Segredo, mestre em criar enredos robustos, com mistérios e roubos complexos, reúne suas maiores e mais interessantes marcas no longa. Elegância e sensualidade exalam naturalmente, a partir do núcleo central: o casamento de dois agentes secretos, George (Michael Fassbender, com um trabalho sempre minucioso) e Kathryn (a magnética e charmosa Cate Blanchett).
Quando um vazamento do programa de software Severus coloca em risco a nação, os únicos suspeitos são funcionários da própria agência de cibersegurança. O superior Arthur Steiglitz (Pierce Brosnan) encarrega George de descobrir qual dos cinco colegas, incluindo a esposa, é o responsável por trair a confiança da operação.
Kathryn é vista como a principal suspeita, e o casamento corre perigo, mas a investigação revela uma teia de artimanhas inimagináveis. Aliás, essa é uma das grandes qualidades do filme, a imprevisibilidade.
Não venha esperando uma nova versão de Sr. e Sra. Smith. O foco não é a ação, são os diálogos inteligentes, cheios de jogos e truques, no roteiro (de David Koepp) que brinca consigo mesmo.
O elenco inteiro está de parabéns, mas merece destaque Marisa Abela, no papel de Clarissa. Em meio a um grupo de espiões que não deixam externalizar vulnerabilidade, ela serve como um sensor humano, pois é quem expressa sentimentos em situações frias e calculistas.
Soderbergh mostra controle de cena e direção. Além de tratar do paradoxo privacidade e intimidade em um casamento, Código Preto fala sobre fachadas e reflete sobre até onde o ser humano é capaz de ir por ego, interesses próprios e amor.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de março de 2025, edição nº 2936