‘Apocalipse nos Trópicos’ investiga a influência de religiosos na política
A documentarista Petra Costa, indicada ao Oscar por 'Democracia em Vertigem' (2019), analisa figuras como o pastor Silas Malafaia

Após concorrer ao Oscar com Democracia em Vertigem (2019), Petra Costa segue trajetória no documentário político com Apocalipse nos Trópicos, um trabalho derivado do sucesso indicado pela academia.
O longa, que está em cartaz nos cinemas e entra no catálogo da Netflix na segunda (14), começa com uma cena intrigante: um grupo de fiéis abençoando as cadeiras dos congressistas e falando línguas.
A imagem foi obtida pela documentarista em 2016, quando foi ao Congresso após o impeachment de Dilma Rousseff — que pautou o Democracia em Vertigem.
A partir desse cenário, o filme parte para investigar a influência exercida por líderes religiosos na política do Brasil, dando destaque à ação de figuras como o pastor Silas Malafaia. A pandemia foi marcada pelo fortalecimento da onipresença evangélica, com pastores dizendo que Jesus curava a covid-19.
Casos como a eleição de 2022 são analisados pelos dois lados dos principais candidatos, Lula e Jair Bolsonaro, quando ambos recorreram à religião para angariar votos.
Como de praxe em sua carreira, a documentarista expõe verdades difíceis e muitas vezes contraditórias. Com uma estrutura fluida, imagens fortes e depoimentos cirúrgicos, faz um diagnóstico problemático do estado do país — supostamente laico — com precisão.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 11 de julho de 2025, edição nº 2952