Um dos temas campeões no inverno, o indefectível “queijos e vinhos” pode ser feito de forma diferente. A sugestão é explorar a qualidade dos queijos brasileiros, que já colecionam inúmeros reconhecimentos internacionais, e também as alternativas veganas.
Comecemos com uma das mais emblemáticas regiões produtoras do país, a Serra da Canastra, em Minas Gerais. Existem variações de tempo de maturação deste queijo, que vão desde versões mais jovens (vinte a quarenta dias) até os mais curados (um ano ou mais), com sabores mais intensos e complexos. Para os segundos, uma sugestão de harmonização é um cabernet sauvignon, com seus taninos firmes e notas de frutas negras. A acidez do vinho ajuda a cortar a gordura do queijo.
Para o queijo de coalho, levemente salgado e ideal para grelhar, vão bem a acidez e as notas frutadas de um chardonnay, frequentemente com um toque amanteigado, se equilibram com a salinidade e a textura firme, que não derrete por completo.
O serrano, produzido no sul do Brasil, tem massa semidura, de sabor ligeiramente ácido e picante. Um malbec encorpado de taninos aveludados complementa a acidez e o sabor marcante das versões mais curadas.
O minas frescal, presente no dia a dia, pode ficar delicioso com um sauvignon blanc, de acidez alta e notas cítricas e herbáceas. O colonial, tradicional do sul do país, tem textura firme, certa rusticidade e sabor pronunciado, em especial os maturados. Casa com um tannat de boa estrutura de taninos.
Para o premiado Cuesta Azul, de Pardinho (SP), escolha uma versão de sobremesa, como um sauternes. A doçura e acidez contrastam com o gosto pungente e a cremosidade.
O Tulha, também de São Paulo, mais duro e envelhecido, complexo e com notas que lembram frutas secas, pede um syrah do novo mundo com especiarias picantes. Para o mineiro Azul do Bosque, intenso e cremoso, vai bem um Porto, cuja doçura e riqueza contrastam com a intensidade e o salgado queijo.
Entre os tradicionais do Brasil, como o prato, vai um merlot, com o catupiry, um riesling alemão, e com requeijão de corte, um pinot grigio italiano.
Para opções veganas, de castanha-de-caju ou de amêndoa, casa bem um rosé. Com tofu ou o de coco, um gewurztraminer. De batata ou de mandioca? Escale um beaujolais ou um gamay.
Bramare Cabernet Sauvignon 2019 Do enólogo americano Paul Hobbs na vinícola Cobos. 100% cabernet sauvignon de Lujan de Cuyo, em Mendoza, dezoito meses em carvalho francês e americano. Rubi escuro. Aroma de amora, cereja, couro, baunilha, especiarias. Paladar de bom corpo, concentrado, 14,6% de álcool. R$ 389,93, na Grand Cru.
Bourgogne Chardonnay 2018 Do produtor Guy Amiot. 100% chardonnay parcialmente fermentado em barricas. Amarelo palha claro e brilhante. Aroma elegante, floral, madeira discreta, com baunilha, manteiga. Paladar leve, porém firme, 12% de álcool. Entrega bastante para um A.O.C. Borgonha. R$ 499,90, na Grand Cru.
Designado Single Vineyard Malbec 2020 Da Bodega Los Helechos, do grupo Estância Mendoza. Elaborado com 100% malbec da região de Mendoza, com doze meses de barrica. Cor escura, com aroma de ameixa, amora, florais de violetas, baunilha. Paladar encorpado, macio, com taninos doces, acidez moderada. R$ 129,90, na Evino.
Viña Salort Gran Reserva Tannat 2021 Da vinícola Familia Traversa, da região de Canelones, no Uruguai. 100% tannat, com doze meses em barrica de carvalho francês. Vermelho rubi entre claro e escuro. Aroma frutado, com frutas vermelhas, cereja, morango, especiarias, baunilha. Paladar de médio corpo, com taninos e acidez macios. R$ 58,71, na Wine.
Publicado em VEJA São Paulo de 19 de julho de 2024, edição nº 2902
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