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Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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Malbec: O tinto argentino mais amado dos brasileiros

Conheça curiosidades sobre a uva e bons rótulos feitos com ela

Por Marcelo Copello
Atualizado em 23 abr 2024, 20h08 - Publicado em 19 abr 2024, 06h00
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Uvas malbec: da Argentina (David Silverman/Getty Images)
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A malbec é uma cepa originária do sudoeste francês. Teria nascido em Bordeaux há alguns séculos, mas desenvolveu-se mais na região francesa de Cahors, onde é chamada “côt” e tem estilo mais austero. A malbec foi trazida para a Argentina pelo agrônomo francês Michel Pouget, que fundou em 1853 a Quinta Normal de Agricultura, primeira escola de agronomia do país em Mendoza. Dez anos depois, a praga filoxera iniciou sua devastação nos vinhedos da Europa e depois em todo o mundo.

A Argentina é um dos poucos países junto do Chile e do Chipre isentos de filoxera. Desta forma, enquanto a malbec era dizimada pela praga na França, ela iniciava sua trajetória de expansão na Argentina, ao mesmo tempo em que, no final do século XIX, a vitivinicultura argentina experimentou um desenvolvimento exponencial com a chegada dos imigrantes italianos e mais franceses.

Em 1962, pouco mais de 100 depois de ser trazida ao país, a malbec se tornou a cepa mais plantada da Argentina, com mais de 58 000 hectares de vinhedos, ou 22,5% do total nacional. Logo depois, em 1974, aconteceu a primeira exportação de um vinho varietal de malbec com destino aos Estados Unidos.

Outros marcos importantes da malbec foram, em 1991, a criação da D.O.C. Lujan de Cuyo (em Mendoza), primeira denominação de origem da América do Sul implementada para impulsionar e proteger o desenvolvimento da uva em nível global. Hoje, a malbec é cultivada em todas as províncias argentinas, mas é em Mendoza que ela predomina, onde se concentra com 85% da área plantada do país.

Embora se preste a uma diversidade de estilos, desde rosados, espumantes, passando por tintos jovens e frescos, a malbec que conquistou os brasileiros tem perfil parrudo. O malbecão padrão seria um vinho de cor muito escura, em tons violáceos, com aromas de fruta negras maduras, como ameixas e amoras, e uma típica nota floral de violetas.

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No paladar, seria encorpado, macio, com taninos maduros e aveludados, com acidez moderada e passagem por carvalho novo. Caiu nas graças de consumidores do mundo inteiro e ganhou até um dia para chamar de seu, o 17 de abril, desde 2011.

Mas brasileiros, em especial os paulistanos, fãs incondicionais da bebida, podem dizer que todo dia é dia de malbec. Saúde!

Humberto Barberis Gran Reserva Malbec 2017 Da Bodega Barberis, de Lujan de Cuyo, em Mendoza. 100% Malbec com catorze meses em barricas. Rubi escuro violáceo. Aroma intenso, com fruta bem madura e madeira na frente, ameixa preta, chocolate, baunilha, tabaco. Paladar encorpado, boa estrutura de taninos doces, acidez correta. Típico e bom malbec argentino. Sugiro decanter uma hora. R$ 194,00, na Wine.

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Progreso Malbec-Syrah 2020 Da Fecovita, maior grupo vinícola da Argentina. Um blend de malbec com syrah, sem passagem por madeira. Cor vermelha rubi, entre clara e escura. Aroma fresco e frutado, com notas de frutas negras, como cereja e amora. Paladar médio corpo, com 13,6% de álcool. R$ 119,90, na Evino.

Clos de Los Siete 2020 A vinícola Clos de los Siete, do famoso enólogo francês Michel Rolland, fica no Vale de Uco. Elaborado com 55% malbec, 16% merlot, 15% cabernet sauvignon, 9% syrah, 3% petit verdot e 2% cabernet franc. Rubi-granada escuro. Aroma frutado e amadeirado, com cereja preta, chocolate, especiarias. Paladar de bom corpo, macio, taninos doces, equilibrado. R$ 188,12, na Wine.

Publicado em VEJA São Paulo de 19 de abril de 2024, edição nº 2889

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