Um desejo antigo de poder trazer cultura e lazer para as periferias de São Paulo foi o que deu início ao projeto Periferias de São Paulo em Arte Movimento, do Grupo NazRuaz, organizado na Cidade Tiradentes – Zona Leste da Capital.
O grupo formado por Eduardo CREDO, Anderson HOPE e ENERRE promove no local um encontro entre cinco grafiteiros. O projeto, no entanto, não quer limitar as ações apenas à região paulista. Encontros em outras comunidades estão em fase de planejamento pelo coletivo.
A ideia do evento é promover o encontro entre populações carentes com artistas nacionais e internacionais. Os grafiteiros entram em contato com a diversidade da Grande São Paulo, registrando sua arte em locais variados e trocando experiências com os moradores. O resultado é um intercâmbio de conhecimento.
O grupo também pretende ampliar sua estrutura a cada nova edição do evento, firmando acordos com empresas. Com o apoio, o evento poderia durar até uma semana, com workshops e palestras – eles almejam deixar um legado, uma “semente de onde nasçam novos frutos”.
O NazRuaz acredita que pequenas mudanças são significativas em qualquer instância. Para eles, é muito gratificante ver a participação dos moradores com a intervenção, indo desde a própria pintura até simples favores – como emprestar uma escada, por exemplo. A participação transforma o que seria um simples final de semana em um evento que será lembrado para sempre, pelos artistas e pela comunidade.
Este espírito de união entre os moradores e os artistas faz com que muitos jovens (e até adultos) comecem a se interessar mais por arte e por tudo que ela engloba.
Na comunidade, todos aprovaram e quiseram a arte do graffiti cada vez mais próxima: “Essa não é a primeira vez que realizamos algo desse tipo na comunidade. A diferença é que agora queremos fazer barulho, convidando todos os que podem ou que se interessem em participar dessas pequenas mudanças”, comenta ENERRE.
O grupo acredita que eles não estão “resgatando” a população, e sim a convocando para uma revolução social. Realizar arte publicamente em bairros mais afastados do centro é apenas um convite para que todos os interessados cheguem de alguma forma aos seus objetivos: “A arte pode ser usada para trazer melhorias à comunidade quando vem junto de outras informações (…). Nada funciona sozinho, é o conjunto de peças que faz com que a máquina funcione. Tentamos passar, com nossa arte, alguma informação”, comentam.
“Temos muitos projetos, mas primeiro queremos solidificar o que acabamos de iniciar. A ideia é que, com o tempo, esse projeto possa ser ampliado, agregando outras atividades para atingir outros públicos e outros segmentos”, completa o grupo.
Ações deste tipo acontecem cada vez com mais frequência nas regiões periféricas de São Paulo. Eventos como este são usados cada vez mais como uma nova forma de usar a arte como resgate social, servindo de exemplo para jovens. Ao expor artistas consagrados como referências a serem seguidas, mostrando que é possível viver de arte e educação, caminhos opostos ao crime ficam mais claros para as crianças e adolescentes das comunidades.