Em fevereiro de 2006, a artista Carmen Thiago trabalhava na restauração da Estação da Luz e na implantação do Museu da Língua Portuguesa.
A convite dela, visitei a obra para fazer fotos de certos ângulos perigosos, aos quais normalmente ninguém tem acesso – particularmente o telhado da estação, com uma vista direta de cima das plataformas.
O que vi foi nada menos que vertiginoso…
Na noite daquele dia, ao conferir as imagens na tela do computador, veio o desapontamento. Para começar, eu não tinha qualquer treino em fotografia de arquitetura. Tampouco possuía uma câmera talhada para a tarefa. Fui com uma Cyber-shot de bolso sem nitidez, com baixa sensibilidade e uma lente que apresentava forte distorção e não era suficientemente grande-angular. E a representação de cores estava toda errada. As fotos permaneceram inéditas.
Mais de uma década depois, ao rever as imagens, mudei de ideia. Os recursos tecnológicos desta década permitem remover ou compensar a maioria das falhas técnicas que incomodavam tanto. Graças a isso estão aqui as imagens, em primeira mão. Elas passaram de refugo a orgulho.
A maior surpresa ao recuperar as fotos foi ver o céu nublado, que simplesmente aparecia branco nas versões originais da câmera. O clima pesado complementa magnificamente a genuína atmosfera “britânica” do edifício.
Demorou mas valeu, Carmen!