✪✪✪ O true crime é, sem dúvidas, um dos assuntos mais comentados no streaming. Ao longo dos últimos anos, diversas produções dramáticas e documentais ganharam destaque nos catálogos da Netflix, HBO Max e outros serviços – a série A Escada é um dos exemplos mais recentes que utiliza tal temática para aguçar a curiosidade dos espectadores.
Outro título que chamou a atenção há um tempo foi a minissérie documental da Netflix Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy (2019), que explora os crimes cometidos por um dos assassinos mais conhecidos do mundo. Figura repleta de polêmicas e complexidades, Bundy foi condenado à morte e executado em 1989.
Agora, mais uma produção é lançada para complementar essa terrível história. Ted Bundy: A Confissão Final está disponível para compra e aluguel nas plataformas digitais e traz boas atuações de Luke Kirby (Marvelous Ms. Maisel) e Elijah Wood (Senhor dos Anéis). Kirby interpreta o infame serial killer durante a fase no corredor da morte.
À época, Bundy aceitou falar apenas com Bill Hagmaier (Wood), um dos primeiros agentes do FBI a fazer o perfil de assassinos. Inspirada na história real dos anos em que estiveram juntos, o longa aborda os detalhes da relação complicada de amizade entre os dois, enquanto o agente mergulha na distorcida e sombria mente de Bundy.
À Vejinha, a diretora Amber Sealey e Kirby falam sobre o projeto. “Definitivamente havia uma sensação de sofrimento depois que eu fazia alguma pesquisa sobre Bundy. Eu sentia que tinha que tomar um banho ou dar uma caminhada. É um assunto assustador”, relembra Amber, que tinha fotos do assassino em seu escritório e mergulhou nesse universo mórbido.
Já Kirby optou por ter certa distância do personagem. “Eu me irrito um pouco com a ideia de mergulhar na mente desse cara, apenas porque ele parecia ser uma pessoa que teria gostado desse tipo de interpretação de si mesmo”, dispara. E o pensamento do ator faz sentido, uma vez que Bundy gostava da atenção da mídia e tinha uma personalidade extremamente egocêntrica.
“Ele não era tão inteligente como às vezes as pessoas o fazem parecer, e não era tão carismático também. Bundy era alguém bem inseguro, na verdade”, conta Amber. “Acho que há uma espécie de auto-realização com Bundy. Porque ele é famoso, muitas pessoas falam sobre ele e fazem filmes – o que o torna ainda mais famoso, chamando mais atenção. Certamente, eu faço parte desse problema”, reflete. No entanto, a cineasta acredita que parte do interesse coletivo pelo assunto “representa o sentimento da empatia”.
Sobre o processo de desenvolvimento de Bundy para as telas, Kirby diz que o maior desafio foi lidar com o material real, pois nunca foi interessado em true crime: “eu fiquei revoltado. Mas eu queria trabalhar com Amber porque senti que ela faria algo vibrante e diferente.”