✪✪✪✪ Pedágio, novo filme de Carolina Markowicz, está em cartaz nos cinemas após ser exibido na programação da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
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Assim como em seu longa antecessor, Carvão, a diretora se mostra interessada em falar sobre questões complexas sem traduzir em tantas palavras, preferindo o silêncio ou, como contraste, situações bem claras que expõem questionamentos atuais e relevantes – especialmente diante de um Brasil “tradicional”.
Na trama, Maeve Jinkings retoma a parceria com Carolina na pele de Suellen, uma cobradora de pedágio de Cubatão. Ao mesmo tempo que se incomoda com Tiquinho (Kauan Alvarenga, ótimo no papel), seu filho gay, a protagonista aproveita seu emprego no pedágio para trabalhar na ilegalidade com o namorado Arauto (Tomás Aquino). Para Suellen, suas ações são totalmente justificadas em prol do bem de sua família e das aparências a serem mantidas. E a cineasta utiliza bem esse dilema para atingir em cheio uma mensagem repleta de contradições.
Pedágio fala sobre as discrepâncias dentro de uma parcela da sociedade que se autodefine convencional e tenta seguir o melhor caminho que convém para si. Além disso, adentra a polêmica da “cura gay” de um jeito mais incisivo, a fim de impactar o espectador.
Enquanto tudo isso acontece ao longo da projeção, Tiquinho tenta se encontrar enquanto adolescente num ambiente que o impossibilita ser livre e, aos poucos, vai tentando se desprender dessas amarras. A cena final, com mãe e filho encontrando uma forma abrupta para enfim se conectarem, é forte e memorável.
Publicado em VEJA São Paulo de 01 de dezembro de 2023, edição nº 2870