Marighella, filme dirigido por Wagner Moura e estrelado por Seu Jorge como o personagem-título, estreia nos cinemas em 4 de novembro. E a espera foi duradoura: o lançamento estava previsto para novembro de 2019, mas um imbróglio com a Ancine impossibilitou que ele fosse realizado. Logo em seguida, a pandemia dificultou ainda mais o processo.
Agora, após praticamente dois anos e diversas exibições internacionais na bagagem (incluindo o Festival de Berlim em 2019, cuja sessão foi encerrada com aplausos), o longa enfim terá seu espaço nas salas brasileiras exatamente 52 anos após o assassinato de Carlos Marighella. A trama baseada em fatos aborda os últimos anos do guerrilheiro, líder de um dos maiores movimentos de resistência contra a ditadura militar no Brasil.
Além da impressionante performance de Seu Jorge, destacam-se no elenco nomes como Bruno Gagliasso, Luiz Carlos Vasconcellos, Herson Capri, Humberto Carrão, Adriana Esteves, Bella Camero, Maria Marighella, Ana Paula Bouzas, Carla Ribas e Jorge Paz. À Vejinha, Gagliasso relembra sua preparação para o papel de Lúcio, delegado que procura por Marighella do início ao fim.
“Foi uma experiência intensa e séria, que exigiu muito de mim não só como ator, mas também como ser humano. Eu tenho filhos negros, eu luto contra o fascismo. E o meu personagem é declaradamente um policial fascista e racista. Uma frase do filme que me guiou foi esta: ‘Se eu mato preto, eu mato vermelho’. Foi difícil chegar até esse lugar. Eu tinha de encontrar esse cara. Passei três meses me preparando para isso, longe da minha família. Precisava me jogar da ponte, algo que o próprio Wagner (Moura) fala.”
Bruno também conta que, durante as filmagens, não passava o tempo ao lado dos colegas justamente pelo fato de Lúcio ser completamente o oposto do restante do elenco — o que, obviamente, inclui Seu Jorge. “Tivemos poucas cenas juntos, mas quando nos encontrávamos era bem intenso. Essa troca nos ajudou enquanto atores. Somos amigos fora de cena, mas sentíamos raiva um do outro.”
Sobre a aguardada estreia, o ator reflete que Marighella não perde o senso contemporâneo e se diz feliz em prestigiar o longa no Brasil pela primeira vez. “Assisti em Berlim, Cuba e Portugal. Só agora verei aqui. Isso é muito forte. O filme é sobre o nosso país e se tornou um grito de resistência. Até hoje, esse é o trabalho da minha vida. Tenho certeza de que meus filhos terão orgulho de mim por ter feito parte desse projeto. A arte e a história são implacáveis, elas sempre vencerão. É isso que eu quero deixar — não só para eles, mas também para todos aqueles que me acompanham.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 3 de novembro de 2021, edição nº 2762