✪✪✪✪ Em Maestro, nas cenas em que o brilhante Leonard Bernstein (Bradley Cooper) rege sua orquestra, suas feições não estão em primeiro plano. O entorno (o ambiente em si ou os próprios músicos que o acompanham) também ganha a atenção da câmera.
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É desta mesma forma que, nos momentos em que o protagonista discute com sua esposa, Felicia Montealegre (Carey Mulligan), a câmera conduzida por Cooper (novamente na posição de diretor-ator) escolhe afastar a lente de seus personagens.
É como se o filme deixasse claro o distanciamento do casal – uma vez que, na primeira metade de Maestro, o drama mescla elementos de musicais e de romances de época (além do uso do preto e branco) para contar o início de um grande romance. Como contraponto, a homossexualidade do maestro é um tema recorrente que o longa aborda desde a primeira cena.
Quando a trama ganha cores, seu contorno também muda. Cooper conta a história do maestro Bernstein utilizando elementos narrativos tradicionais do cinema – o grande amor, os desafios pelo caminho e, por fim, uma conclusão emocionante -, mas é complexo sugerir que Maestro é apenas mais uma cinebiografia feita para o Oscar.
O filme não se limita a tal definição pois há muita originalidade no jeito que Cooper conduz a narrativa. Ao se desprender de certas amarras em sua excelente primeira metade, a obra ganha fôlego para, com calma, entrar no esperado lugar-comum.
Acima de tudo isso, estão as marcantes atuações de Mulligan e Cooper. Elas funcionam extremamente bem tanto juntas como separadas, a ponto de ambas segurarem a vivacidade dessa história de amor e música até os créditos finais.
Maestro ganhou sessões especiais na 47ª Mostra SP, estreia em cinemas selecionados em 7 de dezembro e finalmente chega à Netflix em 20 de dezembro.
Filme visto na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Publicado em VEJA São Paulo de 08 de dezembro de 2023, edição nº 2871