7 de abril também é conhecido como o Dia do Jornalista. Uma das profissões mais antigas da História, o jornalismo rende, até hoje, diversas adaptações dramáticas no cinema e na televisão. A retratação do dia a dia jornalístico – começando pela ética, passando pelos bastidores do trabalho até chegar nas investigações e consequências que cada furo possui – já foi muito abordada na ficção.
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Produções ligadas à profissão ganharam inúmeros prêmios importantes ao longo das décadas e, algumas delas, como o filme Cidadão Kane, foram consideradas marcas de inovação no cinema.
Os filmes e séries abaixo estão recheados de enredos bem construídos, repórteres que fazem de tudo por suas matérias e atores e atrizes nomeados e vencedores do Oscar. Confira:
FILMES
Cidadão Kane (1941)
Vencedor da categoria Melhor Roteiro no Oscar
É praticamente obrigatório iniciar qualquer lista que ligue jornalismo e cinema com esse filme. Orson Welles dirigiu, produziu, escreveu e estrelou essa obra-prima atemporal, que examina a história do empresário da imprensa Charles Foster Kane (vivido por Welles). O filme ousou por apresentar a não-linearidade no cinema ao começar pelo “fim”, com a morte de Kane. O que se desenvolve a partir dali é a investigação que o jornalista Jerry Thompson faz sobre a vida do magnata, desde sua infância até o sucesso como homem da mídia – tudo isso para descobrir qual o significado da palavra que Kane disse em seu leito de morte: Rosebud. Na HBO Max.
A Montanha dos Sete Abutres (1951)
Um filme que expõe o jornalismo sensacionalista. Kirk Douglas interpreta um repórter que, depois de ser despedido de 11 jornais, se estabelece no Novo México. Porém, se encontra sem nenhuma motivação porque não há histórias interessantes para cobrir. Até que acaba descobrindo um minerador que ficou preso em uma mina e, nesta situação dramática, encontra a reportagem perfeita. O repórter faz de tudo para atrasar o resgate, a fim de que seu trabalho alcance o maior número de pessoas possível.
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A Doce Vida (1960)
Vencedor do Palma de Ouro no Festival de Cannes
Obra-prima do diretor italiano Federico Fellini, o filme é uma crítica para a sociedade pós-guerra, que era repleta de superficialidade. O personagem Marcello (vivido por Marcello Mastroianni) é um jornalista especializado em sensacionalismo que vive ao redor de artistas e celebridades na Itália. O ponto alto pode ser a famosa sequência da Fontana di Trevi, mas A Doce Vida exibe primorosamente a solidão como consequência do excesso. No Telecine e Globoplay.
Curiosidade: o termo Papparazzo surgiu a partir desse filme, pois o personagem que tinha esse nome era fotógrafo e estava sempre atrás das celebridades.
Rede de Intrigas (1976)
Vencedor das categorias Melhor Ator (Peter Finch), Melhor Atriz (Faye Dunaway), Melhor Atriz Coadjuvante (Beatrice Straight) e Melhor Roteiro no Oscar
O longa é dirigido por Sidney Lumet e possui um humor ácido, com crítica aberta à televisão. A história centra-se em Howard Beale (Peter Finch), âncora de um noticiário que anuncia seu suicídio no ar após descobrir que foi demitido pela baixa audiência. A ironia é que, logo após o polêmico anúncio, a audiência recomeça a subir e ele acaba sendo readmitido. O diretor percorre os bastidores da televisão e expõe a manipulação que ultrapassa a moralidade. É um clássico indispensável. Disponível para aluguel no Amazon Prime Video.
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Todos os Homens do Presidente (1976)
Vencedor da categoria Melhor Ator Coadjuvante (Jason Robards) no Oscar
Robert Redford e Dustin Hoffman formam uma dupla de protagonistas dinâmica e perseverante. Eles são dois jornalistas do jornal The Washington Post e simbolizam o jornalismo investigativo. O diretor Alan J. Pakula se baseou no livro homônimo que conta a história da investigação do Caso Watergate, que levou o presidente Nixon à renúncia. É mais um filme exemplar, com um desenrolar tenso e bem amarrado. Disponível para aluguel no Amazon Prime Video.
Quase Famosos (2000)
Vencedor da categoria Melhor Roteiro no Oscar
Com muita autenticidade, Cameron Crowe fez um filme que mergulha nos anos 70, no rico cenário do Rock N’ Roll e no início do jornalismo musical norte-americano. O jovem aspirante a jornalista William Miller esconde sua idade (15 anos) e consegue um emprego na revista Rolling Stone para cobrir a turnê de uma banda que ama, a Stillwater. Durante a turnê, ele passa por muitas experiências marcantes e vê sua inocência indo embora. O mais interessante é que Quase Famosos foi baseado nas vivências do próprio diretor, uma vez que ele também foi um escritor adolescente na revista Rolling Stone. No Star+.
Capote (2005)
Vencedor da categoria Melhor Ator (Philip Seymor Hoffman)
A investigação que o filme aborda foi real, conduzida por um jornalista chamado Truman Capote (interpretado por Philip Seymour Hoffman). Ele acreditava que a não-ficção poderia ser tão marcante quanto a ficção, e ele provou que isso era possível. Reunindo informações e entrevistando fontes sobre o massacre de uma família no Kansas, Capote deu início ao jornalismo literário, um dos grandes marcos da profissão que aconteceu na década de 60. No Amazon Prime Video.
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Frost/Nixon (2009)
Este filme pode ser uma ótima continuação para quem assistir Todos os Homens do Presidente, já que aborda os eventos após a bomba do caso Watergate. O diretor Ron Roward deixa clara a preparação que um jornalista precisa ter para uma entrevista – ainda mais com o Presidente dos Estados Unidos. As atuações de Michael Sheen como David Frost e Frank Langella como o Presidente Nixon são ótimas e expõem todo o nervosismo da situação. O filme é muito bem dirigido e a entrevista ficou extremamente similar com a original, feita em 1972 (ela está disponibilizada no Youtube).
Spotlight: Segredos Revelados (2015)
Vencedor das categorias Melhor Filme e Melhor Roteiro Original no Oscar
A direção de Tom McCarthy, junto ao elenco formado por Rachel McAdams, Michael Keaton, Mark Ruffalo, Liev Schreiber, Stanley Tucci e Brian d’Arcy James, compõe essa história densa com temática inquietante: o assédio sexual infantil cometido por padres de diversos estados dos EUA. As árduas investigações da equipe do jornal The Boston Globe são encaminhadas com um suspense sutil, mostrando aspectos tradicionais da profissão (como a busca manual pelas informações, sem internet) e o papel heroico que a imprensa pode conquistar. Como todos os filmes acima, é uma verdadeira aula de jornalismo. No Star+.
SÉRIES DE TV
The Newsroom (2012-2014)
Vencedora na categoria Melhor Ator em Série Dramática (Jeff Daniels) no Emmy
Posso afirmar que nunca assisti uma série que abordou de maneira tão vibrante o jornalismo em sua mais pura forma. The Newsroom foi criada e escrita por um dos maiores roteiristas da atualidade, Aaron Sorkin. O roteiro, ágil e fluente, faz o espectador não tirar os olhos da tela e é uma das maiores proezas dessa série que, infelizmente, só teve três temporadas. O ritmo frenético da equipe do canal fictício ACN prende a atenção logo no primeiro episódio, assim como em todos os casos abordados, a maioria reais: de Bin Laden a debates políticos, de tramas entre os personagens até o atentado à maratona em Boston. Na HBO Max.
House of Cards (2013-2018)
Vencedora do Emmy em Melhor Direção (David Fincher), vencedor do Globo de Ouro em Melhor Ator (Kevin Spacey) e Melhor Atriz (Robin Wright)
Por mais que a premissa da série seja a política, o jornalismo também faz parte da série, sobretudo em sua primeira e segunda temporada. Em House of Cards (série de drama criada por Beau Willimon para a Netflix) a ética é jogada de lado em um jogo de gato e rato entre o político Frank Underwood e a repórter Zoe Barnes, onde a ambição pelo poder e a manipulação levam a jornalista a publicar matérias que prejudicam os rivais de Underwood. Na Netflix.
The Morning Show (2019-)
Vencedora do Emmy em Melhor Ator Coadjuvante (Billy Crudup) e do SAG em Melhor Atriz (Jennifer Aniston)
Após a ótima primeira temporada estrear em 2019 e conquistar elogios da crítica, a série do AppleTV+, estrelada por Jennifer Aniston e Reese Witherspoon, também possui a segunda temporada completa no catálogo. A trama envolve jornalismo, ganância e egocentrismo de profissionais, e ao mesmo tempo apresenta de forma clara o impacto da profissão no dia a dia. É uma produção afiada, cuja visão não traz nada de romântico sobre a profissão. Além disso, o roteiro da nova temporada insere um pouco de nossa própria realidade e aborda o surgimento do coronavírus na virada de 2020 para 2021.