Em meio às novidades que o cinema anda trazendo nos últimos anos — seja dentro da área independente ou do universo pop, com Marvel e DC adaptando histórias inéditas baseadas em quadrinhos —, uma tendência que se mantém em alta é a de revisitar o passado e lançar produções com olhares atualizados. Isso faz com que espectadores mais jovens conheçam algumas obras de forma diferente e, claro, com mais tecnologia ao dispor.
Tal possibilidade é ótima no sentido de prolongar o efeito de um produto audiovisual idealizado em outro século, evidenciando, assim, a magia por trás das câmeras. Alguns exemplos são a ficção científica Duna e o romance Amor, Sublime Amor, que ganharão refilmagens em 2021, e Cruella, que contará o início da trajetória da vilã de 101 Dálmatas.
Os dois primeiros longas têm o desafio de honrar a originalidade dos clássicos, ao passo que a Cruella de Emma Stone possui liberdade para apresentar algo diferenciado (sem se esquecer de homenagear o legado de Glenn Close por já ter vivido a personagem). Mas, para além de ter o poder de unificar gerações, os remakes são capazes de corrigir comportamentos que, hoje, são inaceitáveis e até mesmo condenáveis. Isso torna o cinema uma ferramenta para olhar ao passado a fim de entender o que precisa ser modificado no presente — vide o aviso de narrativas racistas que o Disney+ inseriu na abertura de clássicos como Dumbo e Peter Pan.
Se a era tradicional de Hollywood possui histórias que escancaram questões sociais, as refilmagens têm o poder de atualizar enredos que já são poderosos. Ao lado da chance de chamar um novo público para mergulhar em tramas que marcaram o cenário cultural de uma época, a escolha de revisitar uma obra pode ser muito benéfica tanto para a indústria quanto para o público.
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Publicado em VEJA São Paulo de 12 de maio de 2021, edição nº 2737