✪✪✪ Pouco mais de um ano após ter chamado atenção mundial, o julgamento que colocou frente a frente Johnny Depp e sua ex-esposa Amber Heard é tema de documentário na Netflix. Depp vs Heard contrapõe as versões do casal sobre as acusações mútuas de violência física, verbal e psicológica, na ação movida por Depp por conta de um texto acusatório escrito pela atriz. Mas a intenção não é tomar um lado, até mesmo porque a verdade é extremamente difícil de ser alcançada.
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Fica claro que o interesse da diretora Emma Cooper recai na repercussão do imbróglio na internet. Afinal, durante os 26 dias que separaram o início das audições até o veredicto, milhares de produtores de conteúdo fizeram publicações sobre o tema – muitos sem conhecimento jurídico.
Homens incomodados com o crescimento da onda feminista viram nas inconsistências do depoimento de Heard uma chance de ataque. Já algumas mulheres não hesitaram em rotular Depp como um abusador. Entre os dois grupos, há ainda uma legião de fãs do astro de Piratas do Caribe.
A percepção é que o tribunal virtual tinha até mais poder do que o júri para definir o desfecho perante a opinião pública. A grande questão, que fica implícita, é qual é o papel da justiça tradicional diante de um processo como esse, no qual as crenças particulares e paixões midiáticas se misturam.
Publicado em VEJA São Paulo de 13 de setembro de 2023, edição nº 2858