Entre os dias 6 e 17 de dezembro, a Cinemateca Brasileira apresenta a mostra gratuita Mulheres pioneiras no cinema, com obras de cineastas que ajudaram a construir a linguagem audiovisual nas primeiras décadas do século passado, mas foram historicamente invisibilizadas e esquecidas.
A mostra faz parte do Projeto Viva Cinemateca, lançado em junho, que reúne os grandes projetos da Cinemateca Brasileira voltados à recuperação de acervos, além da modernização de sua sede e infraestrutura técnica.
Algumas das diretoras que compõe a programação – como as estadunidenses e europeias Alice Guy, Lois Weber, Lotte Reiniger e Germaine Dulac – passaram a ser mais difundidas nas últimas décadas após a digitalização e restauro de parte de suas obras. Tornaram-se ícones do processo de recuperação das pioneiras do cinema e são, portanto, incontornáveis para começar a se adentrar no tema.
O cenário latino, por sua vez, é menos difundido. Muitos são filmes dados como perdidos, como O mistério do Dominó Preto (Cléo de Verberena, 1931), considerado o primeiro longa dirigido por uma mulher no Brasil. São poucas as cópias existentes nos arquivos espalhados pelo continente e ainda menor a quantidade de exemplares projetáveis.
El pañuelo de Clarita (1919), da argentina Emilia Saleny, é revelador da escassez vigente: sua digitalização e restauro foram feitos em cima de uma VHS, tida como a única cópia sobrevivente.
Além das sessões, a Cinemateca Brasileira irá oferecer um curso, ministrado pela pesquisadora Marcella Grecco. Dividido em três aulas, o programa irá abordar os trabalhos de pioneiras de diferentes países, incluindo um destaque para a brasileira Cléo de Verberena, sobre a qual Marcella lançou um livro em 2022.