✪✪✪ Cassandro, O Exótico foi um personagem real das lutas livres mexicanas na década de 80. No meio de brutamontes mascarados, ele se destacava pelo brilho – e não apenas no sentido figurado. Maquiagem carregada, figurino colorido e um cabelo impecável eram adereços indispensáveis na hora de subir ao ringue.
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Agora, sua história é retratada em Cassandro, filme inspirado em fatos disponível no Prime Video. Gael García Bernal vive o personagem-título, em grande atuação. Sua baixa estatura, característica diferente do Cassandro original, acaba adicionando mais um elemento de fragilidade. Mas essa fragilidade era só aparente.
Disposto a transformar cada luta em um show, esforçando-se no quesito teatralidade, o personagem conquistou o carinho do público, num território a princípio totalmente inóspito para um homem gay. O diretor Roger Ross William (experiente documentarista que faz aqui sua estreia na ficção) compartilha da mesma preocupação estética. Assim, todas as cenas de combate são bem coreografadas, especialmente a sequência grandiosa que serve de clímax.
Fora dos ringues, o roteiro também aborda a relação afetuosa entre o protagonista e a mãe, sem deixar de lado o preconceito, representado pelo pai ausente e por um amor proibido. Sem precisar se alongar numa linha do tempo que tente dar conta de toda a vida do biografado, a produção prova que dá para aprender muito sobre a vida de alguém quando se foca a lente apenas em momentos decisivos de sua trajetória.
Publicado em VEJA São Paulo de 22 de setembro de 2023, edição nº 2860