✪✪✪ Se eu posso dar uma dica antes de você assistir a Até os Ossos, ela seria: vá de estômago vazio. O novo filme de Luca Guadagnino, do sensível Me Chame pelo Seu Nome, segue uma direção oposta do antecessor.
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Apesar de o romance e das cenas emotivas ganharem atenção, o pano de fundo é uma extensa viagem feita por dois jovens… canibais. Maren (Taylor Russell) e Lee (Timothée Chalamet) são personagens à margem da sociedade. Ambos foram abandonados pelas próprias famílias e seguem pelas estradas a esmo. O único fio de esperança de Maren é reencontrar a mãe, que nunca chegou a conhecer.
Ao lado de Lee, a vida parece ter mais sentido, mas quando os violentos instintos falam mais alto, as consequências não são fáceis de lidar. As atuações de Taylor e Chalamet são ótimas e entregam nuances incômodas de personagens cujas personalidades são muito particulares. No entanto, há uma universalidade do tema da rejeição que não deixa de ser tocante.
Ainda há adições dos veteranos Mark Rylance e Michael Stuhlbarg, que também interpretam canibais. É interessante o modo como o cineasta não abre mão do ato de chocar com sangue, ao mesmo tempo que desenvolve o nascimento de uma história de amor. Não à toa, Guadagnino recebeu o Leão de Prata de direção no Festival Internacional de Cinema de Veneza.
Publicado em VEJA São Paulo de 30 de novembro de 2022, edição nº 2817
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