✪✪✪✪ Aftersun foi exibido durante a 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e conquistou público e crítica. Agora, está em cartaz nos cinemas — em breve, irá estrear na MUBI.
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O que mais surpreende na obra é o fato de este ser o primeiro longa-metragem da cineasta Charlotte Wells, pois tudo é costurado de um jeito especial, como um veterano faria. Durante uma viagem de férias, Sophie (Frankie Corio, de apenas 12 anos) e o pai, Calum (Paul Mescal), vivem dias ensolarados em um resort.
A história se passa no fim da década de 90, então uma filmadora analógica (item marcante da década) está quase sempre presente. Sophie quer registrar momentos triviais, mas algumas tensões vêm à tona diante dessa proximidade com Calum — afinal, por ser filha de pais separados, ela não vive com o pai. E o roteiro não trata apenas da relação paternal: o drama fala sobre distanciamento emocional, memória e depressão de forma extremamente sensível.
A atuação de Paul Mescal como o genitor da pequena Sophie é ótima e traz nuances perceptíveis de uma pessoa que sofre ao lidar com algumas responsabilidades. A montagem, uma das melhores qualidades de Aftersun, também apresenta um cenário no futuro (ou presente), no qual Sophie, já adulta, revê as filmagens caseiras dessa viagem em especial. Nessas cenas saudosas e realistas, é muito bonito ver e refletir sobre o impacto das relações familiares.
Publicado em VEJA São Paulo de 7 de dezembro de 2022, edição nº 2818.
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