✪✪✪ Quem passou dos 40 anos talvez se lembre do filme Vivos, lançado em 1993, que impressionou o público ao contar a história da queda de um avião no meio da Cordilheira dos Andes. Com elenco predominantemente norte-americano liderado por Ethan Hawke, o longa trazia o drama dos passageiros remanescentes que fizeram o impensável para sobreviver por 72 dias até o resgate.
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Agora, pouco mais de 30 anos depois da adaptação hollywoodiana e cinco décadas após a tragédia acontecer, é a vez de mais uma produção apresentar uma nova versão dos fatos. A Sociedade da Neve, produção original da Netflix, tem direção do espanhol J. A. Bayona (que também assinou O Impossível, sobre o tsunami que atingiu o sudoeste da Ásia em 2004) e reconstitui em detalhes o acidente e os longos meses seguintes da equipe de rúgbi que ia do Uruguai ao Chile para disputar um campeonato quando teve a trajetória interrompida.
As cenas de ação, como a colisão da aeronave e uma avalanche algum tempo depois, são filmadas de forma visceral. A sucessão de gritos, cortes rápidos de câmera, ruídos ensurdecedores e expressões de agonia dos jovens atores impactam de forma profunda.
Mas o tema central da obra vem a seguir: o esforço dos companheiros de time para cuidarem uns dos outros e não perder a esperança, mesmo diante de circunstâncias que os levam a decisões extremamente difíceis. O roteiro passeia pelos pensamentos de diferentes personagens, de forma a sublinhar que não há apenas um protagonista, e sim um grupo em destaque. Todos ali estão vivendo o mesmo terror.
Fica claro que o “Milagre dos Andes”, como ficou conhecido o caso, segue sendo um dos acontecimentos mais espantosos da história recente da humanidade. O longa está cotado para ser indicado ao Oscar de melhor filme internacional.
Publicado em VEJA São Paulo de 12 de janeiro de 2024, edição nº 2875