Sempre observei — com certa admiração, confesso — aqueles gênios solitários, os autores de invenções que surgiram de processos criativos contemplativos e individuais e que conquistaram um lugar eterno na história da humanidade. Entretanto, quanto mais experiências eu vivo, mais acredito que a interação entre pessoas — especialmente entre pessoas de diferentes realidades — é o grande portal para a geração de ideias, para a inovação em produtos e serviços e para a criação de soluções empáticas e eficazes para os desafios que vivemos em sociedade.
Aprender, criar e executar sozinho é uma dinâmica fragilizada, empobrecida e pouco eficaz na medida em que tudo acontece e se transforma velozmente. A difusão acelerada e em tempo real da informação encurta distâncias e diminui drasticamente os períodos de transição entre um cenário e outro, sendo consequência natural de um mundo hiperconectado.
Vivemos tempos que revelam a potência do coletivo, da colaboração, da diversidade.
A minha geração (e tantas que vieram antes) passou a vida escutando o provérbio africano “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado”. Só que, nos dias de hoje, o indivíduo não consegue acompanhar a velocidade da transformação das coisas. Sozinha, atualmente, uma pessoa não vai nem longe nem rápido o suficiente. Simplesmente porque está tudo tão conectado no mundo que a ideia que se tem aqui e agora, por mais inovadora que seja, se não passar do plano para a ação muito rapidamente, se tornará obsoleta ou será materializada e lançada antes por alguém do outro lado do planeta.
Por isso, ao meu ver, o “nós” é o motor do futuro. Um futuro que já estamos construindo. então, é melhor nos aplicarmos para fazer direito.
Claro que é fundamental o autoconhecimento, assim como momentos de conexão com o nosso interior, de autocuidado, de silêncio e de autorreflexão. Até porque uma pessoa inteira e conhecedora das suas forças e fraquezas certamente trará uma maior contribuição num processo colaborativo.
E foi justamente essa interação entre as dimensões “eu”, “nós” e “mundo” que inspirou a criação do Rock in Rio Humanorama — um festival de conversas sobre temas urgentes da sociedade com artistas, acadêmicos, ativistas, empresários, gente de todas as idades, raças, identidades de gênero e com experiências de vida completamente diferentes. Tudo para provocar a mudança de mentalidades e a geração de novas ideias e soluções para uma vida mais saudável e feliz em sociedade.
Um mundo melhor se faz a partir de uma sociedade mais saudável — física e emocionalmente —, habilitada para viver em conexão com o planeta. E é isso que o compartilhamento de vivências busca: a compreensão do outro, valorizando o respeito a partir do entendimento e interesse no próximo, necessários para convivermos em uma sociedade mais justa e feliz.
+Comunicação clara faz a vida bela
Vemos no diálogo uma poderosa ferramenta de ampliação de consciência e aumento de repertório de ideias e visões de mundo. Conversar com pessoas completamente diferentes de nós ajuda-nos a compreender o contexto de cada um, quebra a homogeneidade das nossas percepções e fura as bolhas em que vivemos, nos tornando mais empáticos.
O resultado? Aprendemos e evoluímos. e muitas vezes saímos transformados de uma conversa da qual participamos ou à qual assistimos, levando conosco inspiração, insights e instrumentos para mudarmos realidades.
Nosso propósito é construir um mundo melhor. Acreditamos que todos têm o direito de sonhar e que todos podem desenvolver habilidades para fazer acontecer os seus sonhos. fica o convite: venha participar dessa conversa!
A curadoria dos autores convidados para esta seção é feita por Helena Galante. Para sugerir um tema ou autor, escreva para hgalante@abril.com.br
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Publicado em VEJA São Paulo de 27 de julho de 2022, edição nº 2799