Desafios fazem parte da vida. São inerentes à natureza humana. É praticamente impossível acabar com eles. Sendo assim, considero mais sensato lidarmos de forma consciente com as situações difíceis, agindo com inteligência emocional!
Primeiro, vamos compreender o que chamo de desafio. Nosso cérebro aciona uma espécie de alarme quando nos sentimos em perigo, ativando nosso sistema de defesa, que produz cortisol, adrenalina e noradrenalina, para nos preparar para a luta ou para a fuga. Quando agimos nesse estado de defesa, estamos “fora de centro”, ou seja, perdemos a consciência e reagimos a partir do estado de sobrevivência, como em um piloto automático. Geralmente agimos equivocadamente e depois refletimos: onde eu estava mesmo com a cabeça? Criamos assim um ciclo viciado de luta ou de fuga. Mas calma aí! E a nossa consciência? Será que é possível aprender com o desafio e mudar esse padrão?
+Réplica da casa do BBB22 é montada em shopping
Eu venho das artes marciais, desde cedo. Fui competidor por muitos anos, antes de criar uma metodologia visando ao despertar do nosso guerreiro interno. O que a competição me ajudou foi justamente a trabalhar o autocontrole para lidar com o medo de uma maneira mais consciente. Nas últimas competições que fiz, já não ficava nervoso e conseguia dormir bem. Mas chegar a esse estágio foi um longo processo. No início, passava noites em claro preocupado com as lutas do dia seguinte.
A arte marcial nos ensina a reverenciarmos os opoentes com respeito, no início e no final de cada luta, agradecendo pelo treino. Sei que só consigo me testar e aprender em um nível mais profundo se eu tiver algum estímulo externo que teste as minhas fragilidades. Graças a isso, vou percebendo onde preciso melhorar e onde já estou bom. Independentemente de vitória ou de derrota, o importante é seguir o caminho da evolução. Cada lutador e lutadora sai da luta com suas reflexões e assim segue se aperfeiçoando.
+Escola de Gastronomia Chef Gourmet abre unidade em São Paulo
Vejo a vida como uma arte marcial, na qual os desafios são presentes que ela nos traz, que nos ajudam a perceber onde precisamos evoluir, melhorar. Aprendi cedo, no caminho do autoconhecimento, que os relacionamentos são grandes universidades e quanto mais intimidade temos com alguém, mais desafiante será, pois é impossível esconder nossas vulnerabilidades para sempre. E os desafios são diversos: em casa, na empresa, com os clientes, com os amigos, consigo mesmo… São muitas situações que nos testam e tentam nos tirar do centro.
E aí está a grande oportunidade de aprendizado. Com alguns exercícios, podemos compreender as adversidades de uma forma mais real, menos reativa e podemos até mesmo quebrar crenças sobre as situações que consideramos ruins. É possível ver desafios como grandes professores e oportunidades de evolução e, a partir dessa nova realidade, perceber que a vida está sempre a seu favor. Um desses exercícios é o mindfulness, o fortalecimento da atenção plena. Sente-se em um lugar calmo, com a coluna ereta, feche seus olhos e procure observar sua respiração. Se os pensamentos o levarem, você volta a prestar atenção na respiração. Faça isso quantas vezes for necessário. Outro exercício, para quando estiver diante de um problema, é logo se perguntar o que você está sentindo e procurar perceber qual é essa sensação.
+Jornal britânico critica Carnaval no Brasil em meio à guerra na Ucrânia
Em ambos, trazemos a atenção de volta e, junto com ela, a consciência do aprendizado. Pergunte-se: O que eu preciso aprender com esse desafio? Por que eu perdi meu centro? Com essas perguntas de autoconhecimento, você chegará ao núcleo de suas questões e conseguirá mudar seus padrões. Com você no comando de sua vida, começará a plantar sementes de alegria, amor e prosperidade. A sua colheita será certa! Mas tenha calma e continue sempre o seu treino de atenção.
A curadoria dos autores convidados para esta seção é feita por Helena Galante. Para sugerir um tema ou autor, escreva para hgalante@abril.com.br
+Assine a Vejinha a partir de 12,90.
Publicado em VEJA São Paulo de 9 de março de 2022, edição nº 2779