Penso que programa infantil ideal é aquele que envolve toda a família. E quando digo “envolver” quero dizer cativar mesmo, integrar. Quem é pai ou mãe sabe: os pequenos gostam muito mais de fazer coisas das quais os pais participem – e até por isso vivem chamando a atenção quando estão em atividades só deles.
Com isso em mente, muitas vezes deixo de lado programações essencialmente infantis e busco um passeio que possa agradar verdadeiramente a nós adultos e que tenha o poder de despertar algum interesse nas crianças. A linha de pensamento é simples: se estivermos empolgados, eles provavelmente também vão ficar.
Foi assim quando fomos até o Sesc Belenzinho para ver a mostra Genesis, de Sebastião Salgado. Diante dos nossos “nossa”, “olha isso” e afins, nossa filha de três anos fixou seus olhinhos nas grandes imagens dispostas pela área externa da unidade e manteve o mesmo interesse quando circulamos pelas outras três salas que reúnem retratos e paisagens captadas pelo famoso fotógrafo brasileiro em suas andanças por locais pouco explorados do globo.
Além do impacto visual, as impressionantes fotografias abrem espaço para abordar um monte de temas, que podem ficar até bem cabeludos dependendo da idade da criança: que animais são aqueles? E aquelas pessoas? Por que têm o queijo furado? Por que pintam o corpo? Por que andam pelados? Onde fica esse lugar onde só tem areia? Foram algumas das várias dúvidas da minha filha que aproveitei para explicar – dentro das suas possibilidades de compreensão, claro – um pouco da diversidade de vida, dos outros tipos de comunidades e das muitas coisas feias que nós, homens brancos, andamos fazendo com tudo isso.
Ela gostou tanto que nem ligou muito quando dissemos que já estava na hora do teatro começar – a ótima peça Alice No Pais das Maravilhas, da cia Le Plat Du Jour, que, pena, já saiu de cartaz da unidade.
Quem ainda não viu a exposição, aproveite que ela fica no Sesc Belenzinho até domingo (1o). Uma boa é também conferir a programação infantil e fazer uma dobradinha com alguma oficina ou teatro – mas não deixe de reservar ao menos 1h30/2h para a exposição (se o seu pequeno for daqueles que se cansa logo, leve um carrinho que o deslocamento por ali é fácil. Nosso caçula de 11 meses, que não deu muita bola para o Sebastião Salgado, dormiu tranquilamente por grande parte do período que estivemos por lá).