Estou empolgada com a estreia do musical de O Menino Maluquinho, no próximo dia 19. Como muitos pais da minha geração, fui criada tendo como referência de literatura este incrível personagem de Ziraldo e poder revisitá-lo agora com meus filhos e com um novo formato chega a ser emocionante.
Apesar das informações divulgadas na imprensa, ainda queria saber mais sobre o espetáculo e procurei a diretora Daniela Stirbulov para contar mais detalhes. A conversa, que aconteceu por telefone, você confere abaixo.
O musical tem 14 crianças em cena. Quem são todos esses personagens?
Estamos ensaiando há um mês com 14 crianças e sete adultos. Além do Menino Maluquinho trouxemos toda a sua família, sua professora e sua turma, incluindo alguns personagens que depois ganharam destaque nos quadrinhos, como a Carol e a Julieta.
Então a montagem não tem só o livro como referência?
Não. A história é baseada no livro original, mas as referências de linguagem e de cenário também trouxemos dos quadrinhos. O Ziraldo, além de escritor, é um grande cartunista.
Aliás, como foi trabalhar com ele? Qual o papel dele nessa adaptação?
Foi bem intenso. Ele é muito preocupado com a obra do Menino Maluquinho, que é uma grande paixão. Então ele trabalhou com muita ênfase para deixar esse menino bem fiel ao original e tentou deixar bem evidente a grandeza desse personagem. Foi bem intenso porque é uma pessoa que a gente tem como referência na nossa literatura né? Então foi trabalhoso e muito rico ao mesmo tempo. Mas essa participação dele foi na criação do texto, agora na montagem e no ensaio a equipe não tem a supervisão dele.
Essa história de trabalhar um personagem muito marcante na infância deve ser interessante. Você agora vê outros lados do Menino?
A gente enxerga com outros olhos. Da mesma forma que tem identificação da época da infância tem que ter distanciamento para desenvolver o trabalho. Mas passei a entender outros aspectos do personagem e como ele é amplo. O Ziraldo explicou que o Maluquinho” do nome é porque esse “inho” só existe na língua portuguesa, e não é algo depreciativo, mas carinhoso. Vejo também esse menino com seus pequenos conflitos mas muito alegre – outra coisa que o próprio Ziraldo diz, que a gente precisa criar as crianças para que sejam felizes hoje e não felizes no futuro. Enfim, tenho um olhar que é quase filosófico.
Imagino que sendo um personagem tão importante para a geração que hoje tem filhos, vocês devem ter pensado em agradar também os adultos.
Ah, com certeza é um espetáculo para a criança e para a família, incluindo os avós. Porque, além do personagem, a história trata de temas como conflito de gerações, então todo mundo se identifica. É um espetáculo muito alegre e divertido, mas que também trata de momentos muitos sensíveis, como a morte, e como o menino lida com essas etapas da vida.