Batman, o famoso Cavaleiro das Trevas, é um personagem nascido nos quadrinhos em 1939 — pois é, o morcego já é um oitentão. Um fenômeno que atravessou décadas e nunca deixou de ser popular, o personagem já foi mais sombrio, mais fanfarrão, soturno e até detetive. E, com essa maleabilidade, conquistou gerações. Como sou fã confessa de super-heróis, é claro que não passei ilesa e cheguei ansiosa para conferir a exposição Batman 80, em cartaz no Memorial da América Latina.
Na mostra de Ivan Freitas da Costa (o mesmo curador do sucesso recente Quadrinhos, que ficou em cartaz no MIS), a ideia é que o visitante se sinta como o personagem. O percurso, com doze ambientes famosos de Gotham City, é o mesmo do super-herói em uma de suas missões.
Tudo começa na mansão Wayne, com uma grande mesa de jantar vazia. O super-herói, vale lembrar, não tem família e foi acompanhado por seu fiel mordomo, Alfred — pelo menos essa é a versão mais popular da história do personagem, que já foi criado até por tios nas histórias em quadrinhos.
A mesa central tem um tampo “aberto”, com vidro por cima e vários quadrinhos históricos dispostos no interior. Apesar de ser ambientada como uma cena de jantar, com comidas e utensílios cenográficos, o móvel também funciona como linha do tempo. O visitante pode acompanhar a evolução da publicação desde o começo até a recente número 1 000, lançada em maio de 2019. Essa última, segundo Ivan, foi o item mais trabalhoso de conseguir. Vale o aviso: o ambiente inicial é um pouco escuro e sobram efeitos sonoros estrondosos, ou seja, alguns sustos podem acontecer.
A marca da cenografia é essa: a exposição não é apenas um lugar para tirar fotos, mas também não segue o modelo clássico de uma exibição ou mostra. Apesar da beleza dos ambientes, quase sempre pensados como cenários do universo Batman, ainda há muita informação para absorver por ali. E é tudo bem didático, não tem problema se você não for o fã número um do morcego. Também não é obrigatório conhecer a história original dos quadrinhos. A intenção, segundo Ivan, é atender a todos os públicos, desde o “superfã”, passando pelos cosplayers até o público leigo. A responsável pela expografia é a agência Caselúdico, que reúne em seu portfólio as mostras O Mundo de Tim Burton (MIS, 2016), Castelo Rá Tim Bum (Memorial da América Latina, 2018) e a recente Entra que Lá Vem História, em cartaz no Shopping Eldorado até 22 de setembro.
O caminho segue para a batcaverna. “É hora de colocar o uniforme”, brinca Ivan. Na sala, o visitante dá de cara com o uniforme do Robin, exposto da mesma maneira que o morcego fazia após o Menino Prodígio ser morto pelo Coringa em um dos quadrinhos protagonizados pelo super-herói. Ali estão alguns brinquedos originais da chamada batmania, período após o lançamento da série de 1966, em que produtos inspirados no universo Batman tomaram conta das prateleiras das lojas. Tem de tudo: carrinhos, bonecos, máscaras esquisitas e até uma pistola de água com design pra lá de inusitado.
Mas nem só de Batman vive Gotham. Após o batsinal brilhar no céu, é hora de partir para uma nova missão. A primeira parada é o Asilo Arkham, onde o visitante encontra dezoito dos vilões mais famosos dos quadrinhos. Você não correrá perigo, no entanto: todos têm suas respectivas celas, além de fichas de internos, em que há uma breve descrição do personagem. Além disso, todos conversam com você. Basta apertar um botão na parede para ouvir algumas falas clássicas dos quadrinhos, gravadas nas vozes dos dubladores originais da série e dos filmes.
Batman que me desculpe, mas a minha sala favorita é a do Coringa — que, claro, merecia um espaço só dele. O ambiente é muito doido e faz jus ao personagem. Elementos psicodélicos se misturam com jogos de espelhos, uma parede de bonecas assustadora e uma trilha-sonora sinistra e constante. Diversão garantida.
Saindo da exposição, a brincadeira continua com a clássica lojinha temática. A cenografia segue a mesma linha da mostra e os produtos são dispostos em prédios de Gotham City. Nem a área de alimentação escapou da caracterização, recebendo elementos temáticos.
São esperados 200 000 visitantes até novembro. Ivan conta que começou a planejar essa mostra há cerca de dez anos, logo após a Batman 70, que aconteceu em Belo Horizonte. O curador, no entanto, garante que mais difícil do que decidir o que fará parte da exposição, é escolher o que deixar para trás. O acervo é dividido entre itens de sua coleção particular e a de Marcio Escoteiro, maior colecionador do homem-morcego no Brasil.
Voltaria? Com certeza. Apesar de não ser uma grande fã do personagem, a ambientação é divertidíssima e dá para aprender muitos fatos curiosos sobre a história. Batman 80. Memorial da América Latina, Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda, 3823-4600. Terça a sexta, 12h às 21h; sábado, domingo e feriado, 10h às 21h. R$ 35,00 a R$ 45,00. Ingressos já estão a venda, com dia e hora marcada, no batman80expo.com.br. Clique aqui para garantir o seu.