Por Bruno Machado
Mais um capítulo da novela do Cine Belas Artes se encerrou nesta segunda (28), após decisão do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) de arquivar o processo de tombamento do local. De acordo com o Conselho, o prédio passou por reformas e, por isso, não possui valor arquitetônico. Além disso, o tombamento não garantiria que o estabelecimento abrigasse atividades relacionadas a cinema.
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Em contrapartida, o órgão abriu um estudo de registro de memória que não tem previsão de ficar pronto e que, na prática, não traz garantias ao cinema. No máximo, poderá embasar políticas públicas que possam ser aplicadas a outros locais da cidade, como por exemplo, o tombamento de outros cinemas históricos.
Para Afonso Lima Jr., membro do Movimento pró-Belas Artes, o Condephaat sequer analisou a importância histórica do cinema para a cidade. “A decisão representa um retrocesso e é resultado do conservadorismo de membros do Conselho”, disse. A presidente do Conselho, Fernanda Bandeira de Melo, discorda: “Justamente por considerar relevantes os aspectos históricos que envolvem o Cine Belas Artes é que foi aberto o estudo de registro de memória”.
André Sturm, dono do Cine Belas Artes, afirma por sua vez que em momento algum foi procurado pelo Condephaat para participar do estudo. “Lamento que tenha se cristalizado uma compreensão de que o tombamento se restringe a um patrimônio físico, quando a lei também prevê o tombamento para manifestações artísticas ou de importância histórica, como é o caso do Belas Artes.”
A presidente do Conselho diz, entretanto, que o órgão “não conta com mecanismos para salvaguardar os bens imateriais do Cine Belas Artes”.
Novo endereço
De acordo com André Sturm, esgotadas as possibilidades de o cinema voltar a funcionar no prédio da esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, não está descartada a hipótese de o cinema ser reaberto em outro ponto da cidade.
O Cine Belas Artes encerrou as atividades em março deste ano, com grande comoção. Desde outubro, diversos grupos pediam o tombamento do cinema, por meio de manifestações e abaixo-assinados. O tombamento, inclusive, chegou a ser negado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), que considerou a ação “inconstitucional”.