Por Miguel Barbieri Jr.
Diretor de “Paris, Texas” (1984) e “Asas do Desejo” (1987), o alemão Wim Wenders deu início ao projeto de registrar o trabalho da coreógrafa Pina Bausch no início de 2009. Mas a parceria sofreu um baque no meio daquele ano, quando Pina morreu, aos 68 anos, de um câncer descoberto cinco dias antes. Mesmo assim, o realizador retomou o documentário dando continuidade de filmar as coreografias concebidas por Pina ao longo da carreira dela. A fita abre com “A Sagração da Primavera” e apresenta outros momentos marcantes, como “Café Müller”, também usado na cena de abertura de “Fale com Ela”, de Pedro Almodóvar. Wenders recorre a registros no palco e, brilhantemente, leva a trupe para locações escolhidas a dedo na Alemanha — são formidáveis as passagens pela fotogênica Wuppertal, cidade onde está sediada a companhia de dança de Pina. Outra ideia sensacional está no uso do 3D — é obrigatório que o filme seja visto neste formato. Pensando por Wenders em três dimensões, o longa-metragem ganha profundidade e joga o espectador para dentro das montagens, como se estivesse colado aos dançarinos. Contudo, não espere um roteiro informativo. Há, por exemplo, raras aparições da própria Pina e, assim mesmo, em cenas de arquivo. Trata-se de uma produção refinada e para quem gosta da combinação da dança com teatro. Wenders, porém, comete um deslize: ao recolher depoimentos dos bailarinos, as belas apresentações são interrompidas com palavras óbvias e redundantes.
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AVALIAÇÃO ✪✪✪