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“Bem Amadas”

Por Miguel Barbieri Jr. Realizador de longas-metragens polêmicos, como o inédito “Ma Mère” (2004), o diretor francês Christophe Honoré poderia ter sua carreira abalada em razão de seu penúltimo filme. “Homme au Bain” (“Homem no Banho”), exibido apenas no Festival Mix Brasil em 2010, era uma inconsequente mistura de homoerotismo e verborragia estrelada pelo ator […]

Por VEJASP
Atualizado em 27 fev 2017, 12h19 - Publicado em 20 jul 2012, 13h21
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Por Miguel Barbieri Jr.

bemamadas

As atrizes Catherine Deneuve e Chiara Mastroianni: mãe e filha dentro e fora da tela

Realizador de longas-metragens polêmicos, como o inédito “Ma Mère” (2004), o diretor francês Christophe Honoré poderia ter sua carreira abalada em razão de seu penúltimo filme. “Homme au Bain” (“Homem no Banho”), exibido apenas no Festival Mix Brasil em 2010, era uma inconsequente mistura de homoerotismo e verborragia estrelada pelo ator de fitas pornôs François Sagat. O prestígio de Honoré, porém, vai além de suas provocações banais. Comportadinho e de volta ao terreno dos dramas familiares (a exemplo de “Em Paris” e “Não, Minha Filha, Você Não Irá Dançar”), o cineasta conseguiu dar a volta por cima em sua oitava produção, “Bem Amadas”. A narrativa, por vezes vacilante, abarca mais de quarenta anos de história, indicando a pretensão cada vez maior do cineasta. Com início em 1964, a trama mostra o dia a dia de Madeleine (Ludivine Sagnier). Funcionária de uma loja de sapatos chiques em Paris, ela vira prostituta por acaso, apaixona-se por um cliente checo e vai morar com ele em Praga. Quatro anos depois, descobre que foi traída e pega a filha pequena, Véra, para retornar ao seu país. O roteiro salta para 1978, vai a 1994, chega a 2001 e estaciona em 2007. Na fase madura, Madeleine ganha as formas da diva Catherine Deneuve e Véra é interpretada por Chiara Mastroianni. Por serem mãe e filha na vida real, elas dão carisma extra às personagens. Honoré quase perde o freio quando aborda fatos contemporâneos — como a epidemia de aids e o atentado ao World Trade Center. Seu trunfo está na maneira íntima e autoral do registro de duas gerações. Enquanto Madeleine, feliz à moda dela, se mostra à frente de seu tempo, Véra, descontente, vê-se presa a um amor platônico por um músico gay inglês. Para exprimirem seus sentimentos, as protagonistas soltam a voz nas canções de Alex Beaupain. Corpo estranho ao drama, a cantoria tem saldo ao gosto do freguês e, assim, pode agradar à plateia ou irritá-la.

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