A cidade administrativa do governo de São Paulo será levada de volta ao Palácio dos Campos Elíseos, localizado no centro da capital. A administração paulista passou a abranger o Morumbi em 1965, quando o governador Ademar de Barros inaugurou o Palácio dos Bandeirantes e definiu o local como novo edifício-sede. Essa retransferência envolve não apenas o desenvolvimento de um novo projeto arquitetônico para o centro da cidade, como também mudanças na dinâmica urbana no bairro da Zona Sul.
A construção de uma esplanada no Centro
O principal destaque do projeto elaborado pelo governo para a nova sede administrativa é a construção de uma esplanada no entorno do Palácio dos Campos Elíseos. Como mostra a planta divulgada, a esplanada se situará na Praça Princesa Isabel, local que hoje abarca o Terminal Rodoviário Princesa Isabel. Diante disso, o projeto prevê a realocação do terminal.
Outra mudança apresentada no planejamento é a construção de 12 novos prédios que abrigarão o gabinete do governador e das 28 secretarias do estado. A previsão para o início da construção dos edifícios é para março de 2025, e o prazo de encerramento é 2028 ou 2029. Para viabilizar o erguimento dos prédios, além da remoção do terminal, cerca de 230 imóveis residenciais nos quarteirões ao redor da praça serão desapropriados e submetidos a intervenções.
A área em torno do Palácio dos Campos Elíseos, será, portanto, exclusivamente utilizada para o projeto da nova cidade administrativa, conforme declaração assinada pelo governador do estado, Tarcísio de Freitas. O chefe de estado afirma que a proposta se trata de “um processo de revitalização paulatino” do centro da cidade.
O que muda no bairro do Morumbi?
O Palácio dos Bandeirantes, conforme o planejamento estabelecido, continuará a ser utilizado como residência oficial do governador e sede das secretarias mais próximas: Comunicação, Casa Militar e Casa Civil.
Para Raul Juste Lores, pesquisador de arquitetura e urbanismo e autor do livro São Paulo nas alturas, a transferência de sede pode ser benéfica ao bairro do Morumbi. Em entrevista à CBN, o especialista afirma que a total desocupação do Palácio dos Bandeirantes pode abrir espaço para que a região se torne uma área menos esvaziada e mais comercial. “Ali tem que virar algo parecido com uma cidade normal, que é o que mais falta no Morumbi. Ou seja, praças, com lojas, prédios de escritórios e apartamentos misturados, sem muros altos, calçadas largas e com comércio por perto”, diz.
A mudança pode ainda ser um ponto positivo para o trânsito na região, explica Raul: “O Palácio só atrapalha o trânsito, porque ninguém mora colado ao Palácio. Você vê a Giovanni Gronchi e todas as avenidas do Morumbi com um trânsito absurdo, mas a vida no bairro é totalmente dependente de carro”.
Maior concurso arquitetônico desde Brasília definirá a execução do projeto
Juntamente ao anúncio da mudança de sede, o governo lançou um concurso — o maior desde o plano piloto de Brasília — para escolher o projeto arquitetônico da construção da esplanada. Será escolhido um Estudo Preliminar de Arquitetura para a implantação do Centro Administrativo do Governo do Estado de São Paulo, a partir dos termos dos elementos mínimos previstos no Edital.
A divulgação do vencedor ocorre em agosto. A empresa que for selecionada realizará o projeto executivo, que possui o teto de R$ 24 milhões, e poderá explorar o local nos próximos 30 anos. As inscrições já estão abertas e vão até junho. Mais informações estão disponíveis no site do concurso.