Por Adriana Farias
A gestora de projetos de TI Sandra Maria Machado, de 45 anos, é apaixonada por coelhos desde que ganhou o primeiro casal de dentuços em abril de 2014. De lá para cá, eles deram crias e a dona acumulou vinte bichinhos em casa.
No entanto, com a crise financeira, perdeu metade do seu orçamento e não tem mais como arcar com os gastos de quase 2 000 reais mensais com os orelhudos. Ela está em processo de doação das mascotes, todas da espécie rabo-de-algodão.
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“Tomei essa decisão com muita dor no coração, mas não tinha jeito, apertou muito no bolso, precisei até demitir uma funcionária que me ajudava a limpar as casinhas deles”, afirma Sandra. “Agora vou reconstruir minha carreira em outro país, me mudo no final do ano.”
Sandra relata que nunca cogitou ter tantos pets e que tudo aconteceu de repente. Assim que ganhou o primeiro casal descobriu nas semanas seguintes que a fêmea estava prenhe. “Demorei para castrá-la porque, toda hora que tentava, ou ela já estava prenhe de novo ou amamentando”, lembra.
Para dar conta da situação, a moradora de São Caetano do Sul mudou do apartamento para uma casa de três andares, com jardim e quintal. Gastou cerca de 15 000 reais para montar, na área externa, nove casinhas. “Construí até um túnel para eles acessarem o jardim”, detalha. “Como os machos são territorialistas e brigam por espaço, dormem separados das fêmeas.”
O xodó de Sandra é o coelho Pirulito. “Foi o primeiro de todos e ficou apegado a mim. Ele é o único que aprendeu a dar beijo, além de saber saltar, pular obstáculos e subir no colo”, relata. “Não vou doá-lo, quero levá-lo para morar comigo no exterior. Se não conseguir, vai ficar com a minha família no Brasil.”
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Até agora, a moça já doou metade dos dentuços. “Checo se a pessoa realmente tem condições de cuidar, porque não é fácil. Sobretudo, confiro se ela não vai comer o animal – a carne é considerada uma iguaria e vendida a altos preços”, diz. A próxima adoção será de uma assistente de veterinária, que mora em uma chácara no interior. “Ela deve levar os últimos dez que eu tenho.”
A gestora lamenta a decisão que precisou tomar: “Estou muito triste porque sou muito apegada a eles, mas não tem o que fazer, perdi meu último emprego. Cuido deles sozinha, não tenho mais condições.”