Um Pinguim-de-Magalhães foi encontrado morto na praia de Juquehy, em São Sebastião, no último dia 9. De acordo com a necropsia feita pelo Instituto Argonauta para Conservação Costeira e Marinha, a morte da ave está relacionada com uma máscara facial N95 encontrada em seu estômago. O resultado do exame foi divulgado nesta terça-feira (15).
Segundo a equipe técnica, o pinguim estava muito magro e com excesso de areia por todo o corpo quando foi localizado. O oceanógrafo Hugo Gallo Neto, presidente do instituto, alertou sobre os perigos do descarte inadequado de lixo em comunicado da ONG. “Nós sentimos que a falta de educação da população que frequenta o litoral Norte em relação a questão de resíduos precisa ser trabalhada de forma eficiente em todos os níveis, desde criança nas escolas, ainda com a criação de legislação mais rígida para evitar que as pessoas joguem lixo em qualquer lugar”.
Além disso, Hugo também fala sobre o perigo do descarte inadequado de novos materiais usados em decorrência da pandemia. “Nós já vínhamos alertando o aparecimento de máscara, e esse caso é a prova inequívoca de que esse tipo de resíduo causa mal e mortalidade também na fauna marinha, além da irresponsabilidade da pessoa que dispensa uma máscara em um lugar inadequado, pois é um lixo hospitalar com risco de contaminação de outras pessoas”.
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A equipe técnica da organização registrou que desde o dia 16 de abril até 13 de setembro deste ano foram encontradas 113 máscaras descartadas de forma inadequada nas praias do litoral norte de São Paulo. Ainda de acordo com a equipe, o período de maior incidência dos resíduos foi no feriado prolongado, principalmente pelo aumento de número de pessoas nas praias.
Temporada de pinguins
Segundo o comunicado do Instituto Argonauta, a temporada dos Pinguim-de-Magalhães começou no mês de junho deste ano em toda costa brasileira. O primeiro resgaste feito pela equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) aconteceu no dia 9 de junho, na praia do Itaguaçu, em Ilhabela. A partir daí foram registradas 576 ocorrências atendidas pelo instituto até fim de agosto envolvendo os animais desta espécie. Apenas um deles sobreviveu de fato e foi encaminhado para soltura junto a outros pinguins da temporada reabilitados por outras instituições
O instituto ainda explicou que os Pinguins-de-Magalhães migram da Patagônia Argentina em busca de alimento, mas parte deles acaba se perdendo do grupo, e por isso são encontrados nas praias brasileiras.