A estudante Mariana Nunes, de 31 anos, passou momentos de apuro ao realizar luzes no cabelo em abril do ano passado. Agora, ela pede na Justiça uma indenização de 100 000 reais pelos danos causados, conforme relata em entrevista à Vejinha. O procedimento foi realizado no salão Comece pela Cor, localizado na Rua Tijuco Preto, 460, no Tatuapé, e causou queimaduras de quarto grau no couro cabeludo, levando Mariana a raspar a cabeça e privar-se do convívio social, segundo ela, pelo risco de contaminação.
“Assim que o cabeleireiro começou a enrolar os papeis na minha cabeça, senti uma ardência muito forte e pedi para parar”, relatou. “Ele disse que era uma reação ao pó e iria trocá-lo.” Durante e após o processo, sentiu a formação de uma bolha, mas o profissional, chamado Alan Marinho, afirmou que se tratava apenas de uma alergia e finalizou o serviço. Marinho não foi localizado pela reportagem.
A advogada de Mariana, Lygia Morseli, contou que, após os ferimentos surgirem na cabeça, profissionais do salão pediram a ajuda de uma podóloga para cauterizar a área afetada. “Ela fez uma queimadura sobre outra queimadura, destruiu o bulbo capilar”, disse Lygia.
Ao sair do estabelecimento, Mariana passou a pedir o reembolso dos 250 reais gastos no procedimento. “Disseram que passariam o caso para a dona. Me garantiram que o problema era o produto e não o salão”, contou a jovem, que nunca soube a marca do cosmético usado em seus fios. O procedimento foi feito para celebrar seu aniversário de 30 anos. “O que era uma comemoração virou um pesadelo”, lamenta.
Logo depois, as reações pioraram. “A bolha estourou, fez uma casca, infeccionou… ficou tudo exposto. Tive necrose“, conta. Com os grandes ferimentos na cabeça, não teve outra opção a não ser raspar todos os fios. No local afetado, nunca mais cresceu cabelo. No próprio casamento, Mariana precisou utilizar um aplique (com tic-tac) para esconder a falha.
Após o ocorrido, Mariana entrou na Justiça afim de pedir reparação dos danos sofridos, relatou que sua autoestima ficou em frangalhos, justamente porque amava cuidar dos fios. A ação no qual o salão é citado pede a reparação dos danos morais e estéticos sofridos por ela. Sem conseguir contatar os responsáveis do Comece pela Cor, nesta semana, o processo foi alterado para abranger também os responsáveis pelo novo salão instalado no local, o Pink Luxo. Mariana e Lygia dizem que o CNPJ se manteve o mesmo após a mudança de nome.
A reportagem da Vejinha ligou para o Pink Luxo (o número é o mesmo do salão anterior) e foi informada que Tayna Rayssa, apontada como sendo a dona, não estava no local para atender ao telefone, mas que logo retornaria e que, na ausência dela, não havia outra pessoa que respondesse pelo estabelecimento. Tayna é a mesma profissional indicada como responsável pelo Comece pela Cor na época em que Mariana esteve por lá. O nome dela, inclusive, aparece na identidade visual do salão, como uma assinatura. Consultada em 7 de novembro, sua página no Facebook informava que ela era uma das proprietárias do novo salão, o Pink Luxo.
Outro lado
Segundo Tayna, o salão Comece pela Cor era de propriedade de sua mãe, Naiara de Oliveira, em nome de quem foi feita a transferência com a devolução dos 250 reais pagos pelo procedimento. Ela afirmou estar presente no dia do acidente com Mariana e falou sobre a cauterização feita às pressas. “Cada um ajudou da sua forma”, justificou. Ela diz lembrar que Mariana contou que pediria o reembolso e acionaria a Justiça, mas depois sumiu. “Não imaginava que tinha chegado a esse ponto”, afirmou. Sobre a informação em seu Facebook, ela disse que colocou que era proprietária “por status”. Após o primeiro contato da reportagem, a conta foi deletada. Ela disse não ser dona do novo salão e apenas prestar serviços (como aplicação de mega hair) quando há demanda. A mesma informação foi repetida por Fernando Reis — que se identificou como novo dono do ponto e disse que Tayna apenas prestava serviços esporádicos lá. Segundo ele, não há relação entre o Pink Luxo e o Comece Pela Cor.
Questionado por que o contato de WhatsApp do salão antigo ainda era usado e algumas contas em sites de compras coletivas repetirem um CNPJ antigo (em nome de Kleber, marido de Tayna), ele afirmou que, ao comprar o ponto, pediu para reaproveitar os acessos antigos e que o CNPJ do salão estava em seu nome. “Gostaria até de usar a rede social antiga deles”, afirmou. Procurada, a advogada de Fernando, Daniela Macedo, afirmou que orientou seu cliente a conversar com Mariana Nunes e esclarecer que os dois estalecimentos não têm relação.
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