Meu amigo Thomaz, um cara bom de bico (nariz e boca afiados), prosa (com um papo de fazer inveja a mineiros) e verso (escreve um português como poucos), com anos e vasta quilometragem nos prazeres comestíveis e bebíveis dessa vida, notou que cidade afora andam desvirtuando um dos clássicos da coquetelaria internacional. O teu, o meu, o dele, o nosso, o vosso e santificado NEGRONI que estás no céu e nos copos de outrora já não é mais o mesmo.
Rabo de Galo, que já nasceu com nome e vocação etílica, foi recorrer a um competente jovem de San Severo, na Puglia, que dá expediente em São Paulo, batizado Fabio La Pietra, para reconstruir a história desse coquetel florentino nascido na cabeça do Conde Camillo Negroni lá no idos 1919.
A história. O drinque descende diretamente do coquetel Milano/Torino: partes iguais de Campari (um produto de Milão) e Vermouth Martini Rosso (de Torino). Aí entram na conversa os turistas no début du siecle XX e a água com gás. Vira, então, o Americano (olha eles aí, estão em todas mesmo). O meritíssimo Conde Negroni chega trazendo gim da Inglaterra e pedindo, sempre em terceira pessoa (como um verdadeiro nobre, para o qual o mundo sempre gira em torno de seu próprio umbigo), ao barman Fosco Scarselli, “um americano à la Negroni”. Pronto. Temos os primórdios da receita e um belo conto de bar.
A receita D.O.C. (Denominazione di origine controllata) by Fabio La Pietra, titular do SubAstor.
Ingredientes:
30 ml de Campari
30 ml de vermute Rosso
30 ml de Gim ( No. 3 London Dry de preferência. Bombay e Berfeater, não fazem feio também)
1 fatia de laranja
gelo
Preparo:
Encha um copo baixo com gelo e a rodela de laranja. Adicione os ingredientes e mexa. Sirva imediatamente.
Variação: use um mixing glass e gire rapidamente o drinque. Rápido, viu! Não é para diluir o Negroni.