A tela A Caiprinha (1923), de Tarsila do Amaral (1886-1973), foi leiloada na noite desta quinta (17) por 57,5 milhões de reais. Quem realizou o leilão foi a Bolsa de Artes, uma das mais importantes casas de leilões do Brasil.
Estavam presentes oito pessoas no salão do evento, contudo era possível participar por telefone. Três pessoas, já de início, se habilitaram a dar lances pela obra. O valor inicial era 47,6 milhões. Contudo, na abertura, já havia sido confirmado 48 milhões.
Em dezenove lances, a tela foi vendida por 57,5 milhões para um colecionador privado brasileiro. A sobrinha-neta de Tarsila, Tarsilinha, disse estar feliz no final do evento pela obra ter ficado no Brasil.
A soma alcançada classifica a venda como o recorde de venda de uma obra brasileira em venda pública. Os dois recordes anteriores eram de Superfície Modulada nº 4, de Lygia Clark, que alcançou R$ 5,3 milhões em 2013, e Vaso de flores, de Guignard, arrematada em 2015 por R$ 5,7 milhões em valores da época.
DISPUTA JUDICIAL
Carlos Eduardo Schahin, que se disse proprietário da tela, entrou na justiça para suspender a realização do leilão. A alegação dele era de que o pai, o empresário Salim Taufic Schahin, envolvido na Lava Jato, havia vendido à tela a ele. Desta forma, a obra não poderia ser usada para pagar os credores do patriarca, doze bancos que tem 2 bilhões a receber.
O “negócio familiar” não foi validado pela justiça. Tanto o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) quanto no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) negaram o pedido de suspensão. Contudo, a última decisão, emitida pelo ministro do STJ Paulo Dias de Moura Ribeiro, determina o bloqueio do montante arrecadado com a venda.
TARSILA NAS ALTURAS
O valor expressivo, 57,5 milhões, visto na venda de A Caipirinha (1923), é mais um das somas milionárias que os quadros de Tarsila alcançaram. Em 2019, com intermediação do marchand Paulo Kuczynski, a tela A Lua (1928) foi adquirida pelo Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) por 89 milhões de reais, à época.