O coletivo Birico nasceu em 2020, já durante a pandemia, a partir de uma iniciativa on-line que buscava angariar fundos para artistas com a venda de obras de arte. São contemplados, até hoje, não só aqueles nomes que expõem em galerias e já participaram de mostras em museus, mas também os que vivem nas calçadas, em situação de vulnerabilidade social. “Cerca de 85% dos integrantes do Birico trabalharam ou moraram na Cracolândia”, destaca o artista Raphael Escobar, que é parte do grupo.
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Depois de quase dois anos de existência, outras iniciativas surgiram a partir do coletivo. Uma delas é a exposição Birico — Poéticas Autônomas em Fluxo, no segundo piso do Sesc Bom Retiro. A maior parte dos trabalhos lá vistos, feitos por membros do conjunto ou parceiros, é de fotografias impressas em papel, no formato de lambe-lambe. A foto abaixo é de autoria do Grupo Mexa e traz uma performance concebida por ele. A imagem da direita, em que um morador de rua usa um fluxo de água subterrâneo, próximo do Sesc 24 de Maio, no centro, para tomar banho, foi clicada pelo fotógrafo Raul Zito. Essa última obra é quase um soco, pensando na falta de condições de higiene e moradia à qual a população em condição de rua é submetida.
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Mas há também na mostra o desejo de olhar aquelas pessoas para além da lente da precariedade. Para isso, há somente um caminho, como sinaliza um dos trabalhos: uma espécie de bandeira, de mais de 8 metros de altura e 10 de largura, suspensa na entrada da unidade, traz a frase: “Atenção, aqui tem sentimento”. Tirando o “atenção”, o resto da frase é o nome do grupo que criou a obra.
Sesc Bom Retiro. Alameda Nothmann, 185, Bom Retiro, ☎ 3332-3600. ♿ Ter. a sáb., 10h/20h. Dom., 10h/18h. Grátis. Até 27 de fevereiro. sesc.com.br.
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Publicado em VEJA São Paulo de 26 de janeiro de 2022, edição nº 2773