Por dentro da grande exposição sobre memes do CCBB
'No Br@sil da Memeficação' coloca criadores de conteúdo como Greengo Dictionary ao lado de artistas contemporâneos como Anna Maria Maiolino

O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) inaugura nesta quarta-feira (27) uma exposição inteiramente dedicada ao meme, o fenômeno digital de humor que tomou conta da internet brasileira, e mundial, nas últimas décadas. MEME: no Br@sil da Memeficação tem, além de alguns dos principais memes que viralizaram nas redes sociais, de criadores como Porta dos Fundos e Blogueirinha, obras da arte contemporânea de nomes como Anna Maria Maiolino, Gretta Sarfaty, Nelson Leirner e Claudio Tozzi, que abordam a cultura digital e crítica social.
Com curadoria de Clarissa Diniz e Ismael Monticelli e colaboração do perfil do Instagram @newmemeseum, a mostra, dividida por todos os andares do CCBB, enxerga os memes como ferramentas políticas, culturais e afetivas que narram o Brasil contemporâneo. Ela fica em São Paulo até 3 de novembro e depois segue em itinerância por Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Organizada em seis núcleos temáticos, a mostra tem vídeos, neons, esculturas, figurinos, quadrinhos, pinturas, objetos, backlights, instalações sonoras e experiências interativas.
Como é a mostra de memes do CCBB
No átrio do prédio, onças de diferentes formatos e materiais, com recursos táteis, visuais e sonoros, recebem o público numa cena que remonta ao meme “alisa meu pelo”, de 2023.
No primeiro núcleo da exposição, o foco recai sobre os jogos semânticos e os descompassos entre texto e imagem que tornam os memes tão eficazes em gerar riso, crítica e estranhamento. Alguns criadores presentes no núcleo são Frimes (@frimes), Greengo Dictionary (@greengodictionary) e Melted Vídeos (@meltedvideos).
Em outro, o público acompanha uma versão paródica dos tradicionais “Museus do Homem”, instituições etnográficas que historicamente atribuíam, ao homem branco europeu, um modelo civilizatório supostamente válido para toda a humanidade.
A exposição verte esses museus etnográficos em um “Museu do Homem da Internet”, no qual figuram vitrines que apresentam quatro estereótipos masculinos: o heterotop; o esquerdo macho; o Faria Limer; e o red pill, adepto de visões antifeministas. Estão em cartaz nomes como A Vida de Tina (@avidadetina), John Drops (@johndrops) e Juvi Chagas (@ajuvichagas).
A polarização política e a radicalização do discurso público são temas centrais de outro núcleo, que examina o papel dos memes na disputa simbólica do presente.
A mostra encerra com dez entrevistas inéditas com criadores brasileiros que responderam, em vídeo, como compreendem o que é um meme e o que eles significam hoje.
CCBB. Rua Álvares Penteado, 112, centro, 4297-0600. Tem acessibilidade. Qua. a seg., 9h/20h. Grátis. Até 3/11.