Um dos nomes mais relevantes da fotografia brasileira, Claudia Andujar, 92, ficou conhecida internacionalmente pelos registros feitos com ianomâmis. A exposição do Itaú Cultural oferece um olhar inédito para sua produção para além da marcante atuação com o povo indígena.
Com curadoria de Eder Chiodetto, Claudia Andujar — Cosmovisão trilha percurso que se encerra com a fase mais notória, na Amazônia. A seleção de 130 imagens abrange seis décadas, desde a fuga do nazismo na Hungria rumo aos Estados Unidos antes de chegar ao Brasil.
A fotógrafa e ativista suíça, naturalizada brasileira, mudou-se para São Paulo em 1955 para ficar com a mãe. Deu início às experimentações simultaneamente ao movimento da geração de 68, que rompeu com a linguagem tradicional. Claudia realizou justaposições, duplas exposições, mutações de luzes e cores, imagens refotografadas com distorções, cromos riscados e filtros monocromáticos. Esse momento proporcionou-lhe recursos técnicos e de linguagem para que, depois, ela retratasse os ianomâmis, seus costumes e suas mirações xamânicas de um modo único.
Entre as peças estão uma inédita, a releitura colorida d’o voo de Watupari, resultado da travessia que fez em 1976 de São Paulo à Amazônia ao lado do missionário italiano Carlo Zacquini, também dedicado à defesa dos povos originários, e uma reconstrução da instalação A Sônia, projeção de slides exibida no Masp em 1971, inovadora na época. Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149, ☎ 2168-1777. → Ter. a sáb., 11h/20h. Dom., 11h/19h. Grátis. Até 30/6. itaucultural.org.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 5 de abril de 2024, edição nº 2.887.