Ouvindo o que Se É para Ser e Estar Presente nas Cores da Vida é a primeira mostra individual da artista paulista Heloisa Hariadne na Galeria Leme. É interessante pensar aonde esse título nos leva. O que ouvimos quando nos deixamos falar? Somente palavras importam, ou a música também é necessária nessa escuta? E o corpo, também se expressa? Heloisa não dá, com suas nove telas exibidas, vide Protegida pelo Meu Sangue (2020), respostas, mas encaminha o convite para adentrar a investigação que ela faz de si mesma.
Seus personagens, a priori, já atraem. Eles não são construídos por pinceladas homogêneas. A massa de tinta depositada na tela tem outra textura, mais densa e mais fragmentada, o que, surpreendentemente, leva a ideia de intensidade, de um ser diluído, que mais do que qualquer coisa é movimento. “São corpos complexos, cheios de ambiguidades”, explica a curadora Carollina Lauriano, que aponta ainda a potência narrativa das obras e o caráter uno de cada uma delas. Nesses universos particulares chama atenção o desejo pelo contato — cada composição parece um ente só composto de elementos que se entrelaçam, ora de forma direta, ora por meio de sobreposição de imagens, que não eliminam camadas, mas as costuram, usando às vezes a ideia de elo, às vezes de transparência.
> Galeria Leme. Avenida Valdemar Ferreira, 130, Butantã, ☎ 3093-8184. Terça a sexta: 10h às 19h. Sábado: 10h às 17h. Grátis. Até 4 de setembro. Visitas agendadas tinyurl.com/eaybwwuy.
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Publicado em VEJA São Paulo de 18 de agosto de 2021, edição nº 2751