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A história por trás dessa foto com a bandeira do Brasil

Trabalho foi produzido pelo artista goiano Benedito Ferreira

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
24 abr 2020, 20h20
Bendito Ferreira - Brasil
Foto de Benedito Ferreira: qual a sua interpretação? (Benedito Ferreira/Divulgação)
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O fundo de cor púrpura não consegue absorver o brilho da bandeira do Brasil, feita com cetim. A vibração do tecido, contudo, não detém o corpo, que aparece estirado no tampo da mesa. Quem vê a imagem do artista Benedito Ferreira pode pensar que ela foi feita um pouco antes do período da quarentena, em sinal de desespero. Apesar da sintonia entre a foto e o sentimento da população brasileira durante o período atual, que envolve também crises políticas, há uma outra história por trás da cena.

Há dois anos, Benedito percorria a rua Augusta com os amigos em busca de um lugar para papear. “No final da rua, mais próximo à praça Roosevelt, encontramos um bar simples, daqueles que conseguiram escapar da especulação imobiliária”, relembra ele, que escolheu uma das mesas como locação para um autorretrato. “Me chamou atenção o fundo púrpura, dramático, com a bandeira do Brasil em cetim brilhante”, explica o goiano, que fez a imagem com seu celular.

O rosto escondido e a posição dos braços não surgiu ao acaso, em outros autorretratos o artista utiliza esse expediente também em um misto de solução para timidez e tentativa de tornar uma situação individual algo que tenha maior amplitude. “Espero que as pessoas possam se colocar naquele lugar, que elas possam se sentar ali, comigo”, aponta o artista que localiza também na obra a referência à performance A Artista Está Presente, da sérvia Marina Abramovic, mas sem pompa, é importante ressaltar.

Sobre o hiato entre a produção da fotografia e a postagem dela, Benedito diz: “Gosto que elas tenham um tempo de depuração e que eu possa encontrar um lugar propício para elas serem vistas.” Acerca do contexto atual, de estímulo, por meio de editais ou ações informais, para produção de trabalhos durante a crise, o goiano opina: “Tenho revisitado meu arquivo de imagens, refletido sobre que fiz nos últimos dez anos. Quero primeiro absorver o que está acontecendo para depois me manifestar.”

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